Um dos argumentos com que justificam o actual comportamento indisciplinado e ou perturbado das crianças, parece ser a influência exercida por alguns pensadores na "filosofia" de educação das famílias e escolas. As ideias de Rousseau e Dolto são das mais criticadas.
Desde logo não se entende porque é que umas crianças são indisciplinadas e outras têm bom comportamento dadas as circunstâncias dessa filosofia ser a mesma para umas e para outras. Umas apanham o "vírus" e outras não.

Ora os problemas da escola são transversais a um grande número de países, onde as crianças apresentam os mesmos comportamentos que as crianças francesas. Os problemas escolares e as queixas sobre indisciplina são idênticos.

A sala de aula apresenta os mesmos problemas que em Portugal, nos EU ou em França. O fenómeno das semelhanças educativas e das diferentes consequências comportamentais não é um exclusivo de cada país. Também com diferenças educativas podemos chegar a resultados semelhantes.
Em Portugal tem havido a moda anti-rousseauniana. "Os filhos de Rousseau" originou alguma polémica entre M. Filomena Mónica e Valter Lemos. "As crianças nascem boas e a sociedade é que as faz más" e a partir daqui toda a educação ficou inquinada. Sabemos que os comportamentos são multifactoriais. Mas uma frase exagerada ou mesmo errada não é apresentada sem críticas. É claro que a visão educativa de Rousseau é muito mais do que este cliché.
A crítica que Didier Pleux, ("De l'enfant roi à l'enfant tyran"/"Da criança-rei à criança tirana") faz ao Doltoísmo por ser ele o responsável pela educação permissiva ou pela perigosidade educativa das suas ideias torna o debate interessante. Em contrapartida, tem outra visão de Rousseau que é referenciado inúmeras vezes no seu livro.
Por vezes, também se apresenta a escola da permissividade a partir do livro de Benjamin Spock (Meu Filho, Meu Tesouro) como responsável por uma geração de crianças mimadas, indisciplinadas e acima de tudo porque disse que não se devia bater nas crianças.
Em "Um mundo melhor para os nossos filhos", B. S. ensaia, sem sucesso, o desmentido, "O rótulo da permissividade":
"... muitos pais abordam-me nas ruas ou nos aeroportos para me agradeceram por tê-los ajudado a criar crianças óptimas e frequentemente acrescentam «Não vejo qualquer espécie de "satisfação instantânea" no Meu Filho, Meu Tesouro. » Respondo-lhes que estão certos.
Sempre aconselhei os pais a tratarem os filhos com uma autoridade firme e clara e a pedirem cooperação e boas maneiras em troca. Por outro lado, recebi também cartas de mães conservadoras dizendo, efectivamente: «Graças a Deus que nunca usei o seu livro horrível.
Uma vez que recebi a primeira acusação vinte e dois anos depois de Meu Filho, Meu Tesouro ter sido pela primeira vez publicado - e uma vez que aqueles que escrevem a respeito dos efeitos nefastos do livro me asseguram invariavelmente que nunca o usaram -, penso que é óbvio que a hostilidade é em relação às minhas opiniões políticas e não aos conselhos sobre puericultura. E embora eu ande a negar essa acusação há vinte e cinco anos, uma das primeiras perguntas que muitos jornalistas e entrevistadores me fazem é «Doutor Spock, ainda é permissivo?» Nunca conseguimos ver-nos completamente livres de uma acusação falsa."(pag.29)
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