a jardineira
não sei como ela sabe o que está certo
para o jardim nas estações do ano,
e compra bolbos numa inglesa, perto
de nossa casa, e vai fazendo o plano
de caminhos, canteiros, trepadeiras
e arbustos que esqueci, tufos de hortênsias,
renques de rosas, fúcsias, japoneiras,
vermelho, branco, azul, lilás, violências
da túlipa amarela. e nesse reino,
de sapatos de ténis, e de luvas,
chapéu de palha e fato gris de treino,
vai governando aos ventos, sóis e chuvas,
e põe junto às sementes, pá na mão,
ao pé da expectativa o coração.
Vasco Graça Moura,
Poesia 1963-1995, Círculo de Leitores
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