“A comunicação entre a criança
e o cuidador começa muito antes desta pronunciar a primeira palavra.”Peixoto, V. (2007)
Nos primeiros meses de vida, os
comportamentos vocais da criança são interpretados e respondidos de forma
contingente pelo cuidador como tendo significado (a criança ainda não tem
intenção comunicativa consciente). É através das respostas que o cuidador dá à
criança, que os seus comportamentos podem ser usados para regular o
comportamento dos outros. Os seus gestos e vocalizações passam de
pré-intencionais a intencionais. Só mais tarde, com o aparecimento das
primeiras palavras é que surge a comunicação simbólica.
O desenvolvimento pré-linguístico
assenta em dois marcos essenciais:
· A mudança da comunicação pré-intencional para a comunicação intencional;
· A mudança da comunicação pré-simbólica para a comunicação simbólica.
· A mudança da comunicação pré-intencional para a comunicação intencional;
· A mudança da comunicação pré-simbólica para a comunicação simbólica.
Podemos identificar três períodos
principais no desenvolvimento da comunicação:
· A fase perlocucionária;
· A fase ilocucionária;
· A fase locucionária.
· A fase perlocucionária;
· A fase ilocucionária;
· A fase locucionária.
A fase
perlocucionária ocorre desde o nascimento até aos 9 meses de idade, no qual o
comportamento da criança afecta as respostas do cuidador. A criança ainda não
produz sinais com a intenção consciente de atingir determinado objectivo, nem
são dirigidos a um parceiro comunicativo. Nesta fase, são considerados actos
não intencionais: a direcção do olhar, a expressão facial e os movimentos
corporais.
A fase
ilocucionária ocorre por volta dos 9 meses. Consiste na transição para a etapa
onde a criança começa a usar gestos e sinais pré-verbais, para comunicar
intencionalmente. Esta fase é caracterizada pela ocorrência da capacidade de
coordenar a atenção e estabelecer momentos de atenção conjunta. Podemos
referir-nos a “comunicação intencional” quando a criança tem consciência que
o seu comportamento vai implicar uma reacção no seu interlocutor.
Por fim, na
fase locucionária, por volta dos 12/13 meses, a criança inicia a comunicação
intencional através de palavras.
Mesmo antes
da criança começar a falar, os gestos cumprem uma função comunicativa muito
importante na Aquisição e Desenvolvimento da Linguagem.
Os gestos
são ações produzidas com a intenção de comunicar, usados pela criança com
determinado significado. São usados simultaneamente com estabelecimento de
contacto ocular com o adulto e podem ser acompanhados por vocalizações. Após
produzir um gesto, a criança faz uma pausa para que o adulto compreenda e responda
ao seu acto comunicativo.
O uso de
gestos acelera a produção e compreensão de palavras nas fases iniciais de
aquisição da linguagem e tem o poder de enriquecer as interacções pais-criança
nos processos de comunicação precoce.
Num período
mais precoce do desenvolvimento lexical da criança, os gestos são uma modalidade
na aquisição de novo vocabulário.
Inicialmente,
as palavras e gestos têm um desenvolvimento quase paralelo e têm uma
representação equivalente no vocabulário da criança. Só mais tarde é que o
papel dos gestos fica subordinado ao das palavras.
Entre os 8 e os 14 meses as
crianças começam a exibir comportamentos mais efectivos para estabelecer referência. Começam
por desenvolver gestos deíticos que marcam o seu foco de atenção e chamam a
atenção do outro.
Entre os 12
e os 14 meses surge o apontar, dar, mostrar e tentar alcançar – momento de
transição no
desenvolvimento linguístico.
Por volta
dos 16 e os 20 meses assistimos a um uso crescente da fala, pelo que a
comunicação através dos gestos decresce.
Liliana Lucas
Terapeuta da fala
Terapeuta da fala
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Ref.
Bibliográfica:
Peixoto, V. (2007). Perturbações
da Comunicação – a importância da detecção precoce. Porto: Edições
Universidade Fernando Pessoa.
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