30/05/14

As relações adulto criança - de Freud a Bowlby


No sec. XIX, o papel da mãe ganha cada vez mais importância, cada vez com mais responsabilidade na educação e na transmissão dos valores morais. A imagem do pai perde prestígio e autoridade passando esta a ser assegurada por outras figuras: o mestre escola, o juiz de menores, a assistente social, o educador, o psiquiatra.
A ideia da criança como um mal, como negação do homem começa a alterar-se a partir da Idade Média....mas só mudará completamente no final do sec. XIX, com a visão de Freud: “ a criança pai do homem”.
A mãe passa a ter objectivos, é a figura central da família: o recém-nascido e a preocupação maternal primária (Winicott).
Emerge o valor simbólico do pai “é pela palavra e não pelo contacto físico que os pais se fazem amar e respeitar pelos filhos” (Françoise Dolto).
File:Amormaterno.png
Anchise Picchi - The mother

No sec. XX, a amamentação decaiu progressivamente na Europa, generalizando-se o biberão e afastando-se a mãe do bebé.
As rotinas nos hospitais e maternidades, proporcionam pouco tempo de contactos entre mãe e recém-nascido.
O bebé ficava deitado várias hora durante o dia criando limitações à comunicação visual e é em regra alimentado com intervalos regulares durante o dia, a temperatura infantil é garantida por meios artificiais de calor.
Isto significa que a estimulação social é num número cada vez mais significativo de casos, repartida por outras pessoas em vários locais, nomeadamente: amas, creches, infantários.
Nos últimos 50 anos do sec. XX surgem um conjunto de investigações que mostram a importância da vinculação e o amor.
“... É precisamente a contingência deste amor, ou ainda a sua fragilidade bio-psico-social que implica a nossa responsabilidade de intervenção” [1]
A partir dos anos 60 surge aquilo que a condição masculina tinha pelo menos historicamente recusado - o amor paternal.
Os papéis sociais de marido e mulher alteraram-se e identificam-se cada vez mais.
Recomenda-se a amamentação sistemática e precoce....

Modos de relações pais filhos - evolução das investigações no sec. XX
(baseado em DeMause e L. Kanner)
Modos
Época
Evolução da investigação e respostas






Socializante
1900-1910

Instrução
Psicometria - trabalhos de Binet
Freud- tendências dinâmicas em Psiquiatria
Beers- movimentos de higiene mental
1910-1920
Criação de organismos comunitários
São abertos os primeiros centros de  reeducação para delinquentes
Lares para crianças
Escolas especiais
1920-1930
Acção sobre quadro familiar e escolar
Centros de apoio infantil (médicos, psicólogos, assistentes sociais)
Métodos educativos apropriados, ultrapassando o conceito de atraso intelectual
Organizam-se os primeiros grupos de pais de alunos
1930-1940
Trabalho com crianças
Generalização dos métodos psicoterápicos (terapia pelo jogo...)



Cooperante
1958
Bowlby
Publica o trabalho “ The nature of the child’s tie to his mother” e utiliza pela primeira vez a expressão Vinculação como impulso primário, de natureza instintiva, esclarecendo que o comportamento instintivo não é herdado o que é herdado é o potencial para desenvolver sistemas comportamentais.
1959
Harlow
Ligação precoce (“A natureza do amor”)
1969
M. Ainsworth
e M. Main  
A vinculação segura.

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[1] Gomes-Pedro, J - A criança e a família, Cadernos de Curso Pós-básico, nº 10, Escola de Educadores de Infância, 1988, pag. 20.

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