01/11/11

Viver no passado *

Ensinaram-nos que a nossa vida depende do nosso passado. Na escola e na universidade os estudos que fizemos passavam por compreender alguns autores que fundamentavam a nossa vida com o nosso passado.
De tal modo que essa passou a ser a crença de muita gente levando a que continuemos a viver como se tudo dependesse do nosso passado.
Por isso quase não questionamos essas grandes teorias defendidas por três grandes autores que sem dúvida marcaram o último século: Darwin, Marx e Freud.
Para Darwin somos o resultado de uma evolução de milhões de anos em que o que somos é uma colecção de características adaptativas que foram sobressaindo ao longo do tempo como  resultado da adaptação às condições ambientais.
Para Marx haveria a luta de classes da qual havia de resultar a vitória do comunismo sobre o capitalismo e uma sociedade sem classes.
E para Freud haveria também um determinismo uma vez que a nossa vida adulta dependeria do nossa infância.
Em termos genéticos, evolutivos ou sociais, estaríamos dependentes do nosso passado.
Sem dúvida há muito de verdade nestas premissas e os contextos do nosso passado influenciam a nossa personalidade no presente e no futuro. Mas o que é determinante ?
Aquilo que está a acontecer à nossa sociedade é porque as nossas instituições não só sofrem a influência do passado mas vivem no passado. São instituições dos século XIX e da primeira metade do século XX.
O sindicalismo tem desenvolvido  acções, greves por tudo e por nada, lutas  em relação a todas as matérias: politicas, sociais, económicas, de gestão, de legislação, etc… mas não se liberta desta visão determinista.
O sindicalismo não quer apenas defender os direitos e interesses dos trabalhadores na relação empregador-empregado  mas  faz parte da luta política: derrubar o governo que está, actual ou outro qualquer, lutar contra as políticas principalmente as  que eles consideram de direita, mesmo quando estão partidos socialistas no poder.
A política de direita deve ser eliminada porque é responsável por tudo o que de mal acontece à sociedade e a luta deve continuar – a luta contínua ou a luta continua -  até um dia termos uma sociedade sem classes. Nessa altura, chegamos ao absurdo de, nessa sociedade, não haver sindicatos ou ficarem com um papel coadjuvante  do capitalismo de estado. Isto é, os sindicatos lutam pela sua própria extinção.
Não lhes interessa propor medidas positivas para resolver os problemas das organizações e das empresas. E muitas vezes algumas soluções vêm mais do colectivo de trabalhadores do que propriamente dos sindicatos que vivem, de facto, do e no passado.
Viver no passado é pensar que é bom deixar extravasar as  emoções sob pena de elas ficarem reprimidas e serem prejudiciais para a saúde.
A raiva deve sair para a rua. A greve geral é prioritária. Contra a violência das medidas do governo, o que lhes ocorre é a greve geral.
Mas estão a ser ultrapassados pelos "indignados", "sentados" ou "ocupas", alguns mais agressivos, espatifando equipamentos públicos ou propriedade privada. Manifestam, assim, comportamentos de raiva pensando que haverá algum benefício, no futuro, para a sociedade ou para a sua qualidade de vida.
É exactamente o inverso.
As pessoas que manifestam mais raiva e se exprimem com mais agressividade são as pessoas que vão ter mais  problemas de saúde, como problemas cardíacos.
É por isso que são tão necessárias as emoções positivas neste momento. Se não voltadas para o passado como a  satisfação, contentamento, orgulho e serenidade, que sejam as voltadas para o futuro: optimismo, esperança, confiança e fé e as voltadas para o presente: as gratificações do dia a dia.

Inspirado em Seligman, M.(2007), Felicidade Autêntica - os princípios da psicologia positiva, pag.91-97

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