10/11/11

Da recusa escolar à motivação de sucesso

Vejo com alguma frequência alunos que mostram desinteresse pela escola. O leque do desinteresse e da desmotivação é grande: vai da pouca vontade de estudar, fazer os tpc, até à recusa da escola e ao seu abandono.
Ouvimos muitas vezes aos pais: não sei como hei-de fazer para que se interesse pela escola, segue a lei do menor esforço, é preciso dizer-lhe mil vezes para estudar,  nunca faz o que lhe mando fazer...
Para os psicólogos, professores e  pais há dificuldade em compreender porque é que uma criança recusa a escola. Não compreendemos porque é que uma criança aparentemente tem todas as condições materiais para viver sem problemas que, afinal, não gosta de nada, não quer fazer nada.
Reconhecendo que são problemas complexos e de difícil solução, podemos tentar compreender o que se passa com a desmotivação destas crianças.
A recusa escolar pode dever-se a fragilidade psicológica da criança relacionadas com agressões como o bullying, experiências de ridículo, críticas, ameaças, lesão  física ou lutas  com outras crianças ou com professores ou adultos demasiado opressivos e punitivos que possam afectar a vida escolar da criança.
São factores externos que podem explicar a situação de recusa. Assim como as mudança  de escola,  estar com muitas crianças numa escola muito grande; o medo dos testes e exames e  medo do insucesso escolar
Acontece  que, geralmente, há factores que predispõem para a recusa escolar que partem da própria família:
- existência de ansiedade ou de depressão nos pais,
- superprotecção e dependência  em relação aos pais,
-  angústia de separação na criança, relação muito estreita da mãe com a criança e relação distante com o marido,
- medo da separação dos pais,
- ciúmes exagerados de um irmão,
- expectativas dos pais face às expectativas da criança: há  pais com expectativas  pouco realistas sobre o rendimento escolar da criança, com exigências de cumprimento de objectivos difíceis de alcançar,
- pais que valorizam  pouco a educação escolar ou que têm atitudes negativas para com a  escola.
Alguns pais reforçam a conduta de recusa de ir à escola devido, por exemplo, ao seu estilo educativo superprotector ou obtêm algum benefício de que as crianças fiquem com eles (como no caso de algumas mães com fobia social).
Além disso, reforçam positivamente os filhos quando  ficam em casa porque  têm mais atenção, mimos, ver TV, realizar jogos no computador, levantar-se tarde.
Pode também acontecer que  a criança se sinta reforçada quando anda na rua com colegas, geralmente mais velhos e também desinteressados da escola.
Os factores são imensos e temos dificuldade em determinar quais deles são essenciais para desencadear a recusa escolar.
E continuamos a fazer a pergunta: Porque é que estas crianças não evoluem no seu comportamento para a motivação de sucesso e para a competência ?
A motivação para a competência é um impulso básico de todos os seres humanos que leva a  poder desenvolver um controlo  sobre o meio  em que vivem.
Algumas crianças parece que não querem o caminho que segue a maioria para  atingir o sucesso. E a sorte ou o destino não explicam tudo.  Não será preferível mudar alguns comportamentos familiares ?

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