03/11/11

Motivação e força de vontade

Capa de Marta Teixeira

Hoje de manhã custou-me levantar da cama. Há dias em que não nos apetece fazer nada. Ou porque estamos mais cansados ou pura e simplesmente porque não temos força de vontade para tomar decisões para fazermos alguma coisa.
Quando se fala do problema da força de vontade associa-se imediatamente aos jovens e à educação da força de vontade. Partindo do princípio de que os adultos têm esse assunto da força de vontade resolvido, isto é, os adolescentes têm que ser educados porque os adultos já têm isso adquirido.
Educar a vontade é entendido por alguns educadores como a criança ou o adolescente deve “fazer a nossa vontade”. E educar a vontade será treiná-la para fazer a vontade do adulto, aprender a obedecer ao adulto. A aprendizagem da obediência é importante desde que não se retire a autonomia, a iniciativa e a criatividade. E, acima de tudo, que a criança não perca a capacidade de autocontrolo, isto é, que não aprenda que faça ela o que fizer vai sempre fracassar.
Não nos devemos esquecer que a adolescência passa por períodos em que a falta de vontade é mais uma característica do que propriamente uma patologia.
O aborrecimento próprio da adolescência deve apenas indicar-nos que o adolescente se está a desenvolver normalmente e que essa falta de decisão é própria do desenvolvimento.
É necessário entender quando o quadro de aborrecimento e de falta de vontade pode configurar alguma patologia, como acontece quando o rendimento escolar é fraco e o desinteresse por tudo o que o rodeia é assinalável.
Quem tem filhos adolescentes, ou trabalha com adolescentes sabe que não podemos confundir estas situações. Eles cansam-se facilmente, sentam-se frequentemente em situações que requerem actividade física, não lhes apetece nada…
Claro que devemos excluir qualquer problema de saúde. No campo psicológico devemos distinguir o que faz parte do desenvolvimento daquilo que pode ser perturbação. Podemos estar no campo da abulia que é uma incapacidade de tomar decisões ou, o que é mais frequente, da hipobulia ou diminuição da vontade.
A perspectiva da psicologia positiva trata a vontade como uma força que significa sermos capazes de fazer o que devemos e termos força para conseguir atingir os objectivos.
Para isso, necessitamos de ter talento e forças mas devemos distingui-los. O talento pode ser grande mas de facto não ser activado porque as forças não são suficientes. E muita gente desperdiça os talentos que tem.
Obviamente que as coisas prazerosas ou a passividade não requerem grande força de vontade.
Como as actividades difíceis reclamam a força de vontade, estas forças são também consideradas virtudes. Mas hoje falar de virtude entendida como aquilo que não é fácil de realizar, que necessita de esforço e de aplicação, não está na ordem do dia….
Contra a corrente, alguns psicólogos, como Seligman, vêm falando de virtudes e de forças de carácter. Propõe uma classificação de vinte e quatro forças, tais como: a curiosidade, o gosto pela aprendizagem, o pensamento crítico, a bondade e generosidade, apreciar a beleza, a gratidão e o prazer…
Temos apenas que descobrir quais são as nossas principais forças e é nelas que deve assentar o nosso projecto de vida.

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