04/05/22

"Porquê a guerra ?"

 Image illustrative de l’article Pourquoi la guerre ?



É a pergunta que qualquer ser humano poderá fazer perante a tragédia da guerra a que estamos a assistir. É a pergunta que fazem, em primeiro lugar, as principais vítimas,  os ucranianos, os que sofrem, choram, perderam tudo, família, filhos, pais, casa, foram violados, feridos...
O que leva um ser humano a cometer todo o tipo de violência contra as pessoas, crimes contra a humanidade?

Foi a interrogação de Konrad Adenauer, após a 2ª guerra mundial, ao perguntar: como foi possível ter acontecido?
Adenauer, escrevia nas suas memórias: "A democracia não termina num regime parlamentar; tem que estar apoiada, sobretudo, na consciência do indivíduo...
Democracia é um conceito universal que tem as raízes na dignidade, no valor e nos irrevogáveis direitos do indivíduo. Quem, de verdade, pensa democraticamente, deve sentir respeito pelo outro, pelos seus elementares desejos e aspirações."

Foi também a pergunta que Einstein fez a Freud. Porquê a guerra? Existe alguma forma de livrar a humanidade da ameaça de guerra?
A explicação poderá ser de ordem psicológica? Podemos explicar a guerra pela personalidade dos líderes que surgem, periodicamente, nos diversos países?
Obviamente que não surgem por geração espontânea. Por isso, temos que nos interrogar se estamos perante indivíduos com perturbações psicopatológicas como a perturbação anti-social de personalidade ou a perturbação narcísica de personalidade, o que significa que temos de nos interrogar sobre o seu desenvolvimento psicológico e as aprendizagens feitas ao longo da sua vida. 
Em 1932, Einstein, propôs a Freud a troca de correspondência, pública, sobre o problema da paz.
Quais são os factores psicológicos de peso que paralisam tais esforços a favor da paz?
Freud recusa que a psicanálise possa caucionar as considerações sobre o bem e o mal inscritos no inconsciente. Há um dualismo pulsional: pulsão de vida e pulsão de morte mas seria desajustado conotar moralmente estas pulsões. Uma é tão indispensável quanto a outra e os fenómenos da vida têm acções conjugadas das duas.
Freud acha que não faz sentido querer suprimir as tendências agressivas dos homens.
Mas pode-se lutar contra a agressividade humana pelo reforço de Eros; tudo o que leva às ligações entre os homens não pode ser senão contra a guerra.
Tudo o que desenvolva estes importantes traços comuns convoca sentimentos partilhados, isto é, identificações. A psicanálise recomenda o reforço das ligações pulsionais pelo amor e pelas identificações.
Para Freud, a guerra é uma regressão, um regresso à violência das origens e uma destruição da aptidão profunda do homem pela civilização.
A cultura é certamente destruída pela guerra mas ela é também o baluarte que promove o desenvolvimento do ser humano e que trabalha contra a guerra.

Todos sabíamos o que podia acontecer: o que não sabíamos é que no sec XXI fosse possível regredir tanto às antigas fórmulas desumanas e contra as regras internacionais.
Há violência entre as nações porque há violência dentro de nós. Porquê a guerra? Porque não somos capazes de sermos civilizados e de nos tornarmos pessoas cultas. 


Até para a semana.




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