08/02/22

Lidar com a dor


APED premeia crianças no concurso “Vou Desenhar a Minha Dor” 2019 | Atlas  da Saúde




A compreensão do que se passa connosco é um passo fundamental para melhorarmos. A compreensão das nossas dores é um passo relevante para essa melhora. 

Então o que é a dor ? Definir as nossas dores nem sempre é fácil. Segundo a Associação internacional para o estudo da dor, a “dor é um fenómeno complexo que envolve emoções e outros componentes que lhe estão associados…; a dor é um fenómeno subjectivo, cada pessoa sente a dor à sua maneira…; não existem ainda marcadores biológicos que permitam caracterizar objectivamente a dor; não existe relação directa entre a causa e a dor; a mesma lesão pode causar dores diferentes em indivíduos diferentes ou no mesmo indivíduo em momentos diferentes, dependendo do contexto em que o indivíduo está inserido nesse momento; por vezes existe dor sem que seja possível encontrar uma lesão física que lhe dê origem." (International Association for the Study of Pain) (1)

 

“A dor seja qual for a localização pode ser surda, lancinante, ter aspecto de pontada, de facada, de torção, espasmo, de arrancamento, pode ser tão violenta que leve à perda de conhecimento.” (Minha saúde, meu tesouro - como viver mais e melhor, p. 70) (2)

 

A dor e ansiedade andam muito ligadas de forma a que a ansiedade faça com que possamos sentir dor, ou mais dor, em alguma parte do corpo.

E quem não tem medo de ter dores?

A dor pode ser respondente e operante. Quando temos uma lesão e sentimos dor, falamos do primeiro caso quando ela tem origem no ambiente, no contexto de aprendizagem falamos de dor operante.

 

Uma dor que pode estar associada à ansiedade é a dor no peito.

Um director  de uma escola, sofre de dores no estômago e no esófago. Todos os dias, quando vai à escola, sente dores que o voltam a incomodar. Medicamentos para as dores, antiácidos, dietas... tudo o que pode servir para resolver o problema é experimentado. Mas as dores voltam sempre: são dores, espasmos que não desaparecem. 

Acontece, porém, que ao passar à reforma a sua vida passou a ser de outra forma. Deixou de ir à escola. E desta vez também as dores o deixaram. 

Ora esta dor era real, independentemente da causa biológica ou psicológica que lhe dava origem.  

 

Claro que as dores têm sempre um carácter subjectivo (3)  e por isso  não é fácil definir as nossas dores para que os outros entendam. 

O que é facto é que elas são reais e a pessoa está sujeita a este sofrimento desesperante que a acompanha ao longo de cada dia.  

Se há dores localizadas e fáceis de descrever há outras em que não é assim. A dor no peito, por exemplo, tem de ser mais especificada, ou seja, devem  ser feitos vários exames complementares para se saber do que estamos a falar.

 

À semelhança daquele director de escola, também tem sido a minha experiência desde há três anos: uma dor no peito que anda atrás de mim e eu atrás dela para saber por que existe, por que aparece nos mais diversos momentos.

Da cardiologia à gastrenterologia, vamos descartando possibilidades mas ainda não se chegou a diagnóstico adequado. 


Podemos esperar o dia em que para cada dor seja possível fazer um diagnóstico e ter um  remédio que a retire da nossa vida ?

Provavelmente esse dia ainda está longe. 



Até para a semana com muita saúde.

 


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(1) Assunto referido aqui e aquiA IASP/APED apresentam  a redefinição de Dor como:"uma experiência sensorial e emocional desagradável associada, ou semelhante à associada, a danos reais ou potenciais nos tecidos", acrescida de 6 elementos fundamentais.

Um dos pontos da redefinição de dor refere que "o relato de uma pessoa sobre uma experiência como sendo uma de Dor deve ser respeitado." O que quer dizer que a pessoa tem direito a estar doente...


(2) As dores são de uma grande diversidade, podem ser classsificadas com dezenas de termos ou categorias sensitivas. (Enciclopédia da Psicologia, Tomo 3, 1999, pag. 518)


(3) Pode avaliar-se esta sensação subjectiva mediante métodos objectivos - escalas de intensidade de dor: Escalas numéricas de 0 - sem dor a 10 - máximo de dor, ou escalas visuais, a escala de facies de dor (muito útil em crianças); e a escala verbal (dor ausente, leve, moderada e intensa). A Dor como 5º sinal vital. Registo sistemático da intensidade da Dor.

 

 







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