16/02/22

Sair do círculo vicioso





Na semana passada ficámos de saber como podíamos ultrapassar as desvantagens dos vários papéis dramáticos da nossa vida e modificar o nosso comportamento de vítimas, perseguidores ou salvadores (modelo dramático de Karpman). 

Antes de mais, é necessário fazer uma distinção fundamental nos papéis que desempenhamos. Há vítimas reais nas interacções comportamentais que devem ser protegidas e, até, criado o ambiente de segurança necessário a ultrapassar o silêncio a que se remetem, por vezes por longos anos.

Há papéis que são admissíveis como por exemplo: 
Perseguidor - alguém que fixa limites necessários sobre o comportamento ou está encarregado de fazer cumprir uma regra;
Vítima - alguém que possui condições requeridas para um emprego, o qual lhe é negado devido à sua raça, sexo ou religião;
Salvador - alguém que ajuda uma pessoa que funciona desadequadamente a reabilitar-se e a valer-se a si mesma.
Porém, há papéis inadmissíveis:
No caso do perseguidor - quando alguém impõe limites e regras com brutalidade sádica;
No caso da vítima - quando a pessoa não tem as condições requeridas para um emprego e acha que foi discriminada com base na raça, no sexo ou religião;
No caso do papel de salvador - quando mantém os outros dependentes dele. (1)

As pessoas que interpretam os papéis de vítima, salvador ou perseguidor sofrem grande desgaste emocional nas relações interpessoais. Então, têm necessidade de mudar de papel para ultrapassarem o sofrimento. (2)
Como sair deste círculo vicioso das transacções na comunicação ?
Não é fácil ter respostas simples para isso. 
Em primeiro lugar, é necessário saber que como em tudo somos sujeitos às leis da aprendizagem desde a infância, e são processos enraizados na nossa personalidade que não é fácil alterar. O reforço faz o seu trabalho e quanto mais a pessoa é reforçada mais difícil se torna a modificação do seu comportamento.
Depois, é difícil assumirmos a nossa auto-responsabilidade. É sempre mais fácil atribuir os insucessos e fracassos aos outros e às condições externas. Aquilo a que chamamos locus de controlo externo.
Por outro lado, a auto-ajuda principalmente através de livros a que recorremos, nem sempre tem o resultado esperado no imediato e nas dimensões do prometido nesses livros e por nós esperado. 

As dificuldades devem-se sobretudo ao envolvimento das emoções em todos os processos de comunicação da nossa vida.
Não pode haver transacções saudáveis sem emoções saudáveis. Os estados do Eu são assim influenciados pela nossa saúde emocional.
A psicoterapia, a formação em competências parentais, a formação em competências sócio-emocionais nas empresas, no fundo, a gestão das emoções, podem ser formas de ajuda para ultrapassar as dificuldades nas interacções sociais.
Também a auto-ajuda oferece possibilidades de adquirir capacidades interactivas na relação com os outros, melhorando a nossa saúde mental, aprendendo a gerir as nossas emoções.
As técnicas de gestão da emoção podem ser uma boa solução para começarmos a alterar o nosso comportamento, ultrapassando conflitos, traumas e crenças, obsessões de perfeição e começarmos a rir de nós próprios, das nossas tolices e de reciclar o lixo psíquico, que guardamos na nossa mente. (3)


Até para a semana com muita saúde.


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(1) M. James e D. Jongeward, Nacidos para Triunfar - Análisis Transaccional con Experimentos Gestalt, pag 81-82.

(2) Fernando Alberca Vicente,"Cuida tu salud emocional".

(3) Augusto Cury, Gestão da Emoção - Técnicas de coaching emocional para gerir a ansiedade, melhorar o desempenho pessoal e profissional e conquistar uma mente livre e criativa, 2021 (orig. 2015).

 




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