02/03/18

Dores há muitas...

Aped
The International Association for the Study of Pain






“A dor é um fenómeno complexo que envolve emoções e outros componentes que lhe estão associados…; a dor é um fenómeno subjectivo, cada pessoa sente a dor à sua maneira…; não existem ainda marcadores biológicos que permitam caracterizar objectivamente a dor; não existe relação directa entre a causa e a dor; a mesma lesão pode causar dores diferentes em indivíduos diferentes ou no mesmo indivíduo em momentos diferentes, dependendo do contexto em que o indivíduo está inserido nesse momento; por vezes existe dor sem que seja possível encontrar uma lesão física que lhe dê origem." (International Association for the Study of Pain)

Todos sabemos que o direito à saúde e bem-estar é um direito humano (Artigo 25.º, nº 1, da Declaração universal dos direitos humanos). Daqui resulta o direito a estar doente, a ser compreendido na sua doença e procurar tratamento para as suas dores e sofrimento. 
No entanto, esta situação nem sempre parece evidente. É o caso das doenças psicológicas que nem sempre são vistas como doenças e isso justifica a secundarização deste sofrimento: “não tem nada”, “são manias”, “isso passa”… 
Nem sempre é evidente o sofrimento, o mal-estar, o desconforto, a tristeza, a desmotivação, a dor física difícil de descrever, que todos os dias nos incomoda e não nos deixa ânimo para conseguirmos fazer o nosso trabalho ou podermos ser socialmente úteis. São dores reais e sofrimentos sistematicamente desvalorizadas que não são levados em conta para se obter o direito à saúde e bem-estar. 

Na minha experiência, raro é o dia em que não sinta estas sensações/emoções/dores. Tornou-se mais assídua a consulta aos vários médicos especialistas. A procura de um diagnóstico, ocupa-nos uma boa parte do tempo. Muita pesquisa na internet, para baralhar, muitas conversas com familiares e amigos sobre alimentação saudável, dieta alcalina ou ácida... leitura várias, há sempre alguém que conhece um caso idêntico ao nosso ou pior do que o nosso... 
O diagnóstico tarda e a incerteza torna-nos mais ansiosos o que só prejudica tudo. Sabemos que o psíquico e o somático andam sempre juntos a “brincar” um com o outro e ambos são responsáveis pelo sofrimento do indivíduo. 



A dor é um sinal vital e a sua intensidade pode ser registada através de escalas de avaliação. Em 2003, a equiparação da dor a 5º sinal vital significa, concretamente, que se considera como boa prática clínica, em todos os serviços prestadores de cuidados de saúde, a avaliação e registo regular da intensidade da dor, à semelhança do que já acontece há muitos anos para os 4 sinais vitais, nomeadamente a frequência respiratória, frequência cardíaca, pressão arterial e temperatura corporal. (Circular normativa Direcção Geral de Saúde , dia 14 de Junho de 2003, institui a “Dor como 5º Sinal Vital”). 
A obrigatoriedade da avaliação e registo da dor tem uma enorme importância, dado que, sobretudo por motivos culturais, a dor é ainda inúmeras vezes subestimada, escondida, negada e, consequentemente, negligenciada, tanto pelos doentes como pelos profissionais de saúde. 
Por outro lado, tornando a dor visível não é possível ignorá-la, sendo imperioso estabelecer uma estratégia terapêutica adequada ao seu controlo, o que vai contribuir decisivamente para melhorar a qualidade de vida dos doentes e reduzir a morbilidade…(APED)

Em 2018, assinala-se ano o Ano Global para a Excelência da Educação em Dor. Tratar ou aliviar a dor é dos maiores desafios da medicina e da sociedade.

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