A comunicação, fundamental para o ser humano, é um
dos problemas em qualquer serviço onde haja pessoas que necessariamente têm
que comunicar. É ainda mais sensível quando ela se faz entre o doente e o seu médico ou psicólogo,
ou a equipa que atende o doente por exemplo num serviço de urgência
hospitalar, o médico, enfermeiros e outros profissionais dessa equipa.
Na posição de cliente ou doente que tem de recorrer, ultimamente com mais frequência, aos serviços de saúde particulares ou estatais, temos a perspectiva da parte mais fragilizada da interacção, de um dos lados dessa comunicação mas, obviamente, com toda a nossa experiência e vivência nesse campo.
Com o recurso às tecnologias é possível melhorar
a comunicação entre os vários profissionais, sabendo uns o que outros estão a
fazer, procurando com isso reduzir em
tempo oportuno, sofrimento físico e sofrimento psicológico.
Sem dúvida, tem sido feito um esforço pelos
serviços… Mas, p.ex., em visita recente do ministro da saúde à ULS - Hospital Amato Lusitano,
o seu director disse directamente ao sr.
ministro que havia falta de 40 profissionais nos serviços do hospital, sendo metade enfermeiros. Obviamente, podemos prever os constrangimentos
que esta redução de pessoal tem provocado...
Também, na relação humana, na comunicação com os
doentes, há muito que melhorar. É na
relação médico-doente que essa comunicação é fundamental. Também isto quer dizer
que apesar do défice de condições materiais para que o acto clínico possa decorrer nas
melhores condições, o que salva muitas vezes o funcionamento de um
serviço e, mais importante, o doente, é exactamente esse acto clínico, a competência e dedicação dos seus
profissionais, para além das condições.
As competências clínicas de comunicação são fundamentais para quem exerce esta relação e esta relação clínica.
Como dizíamos a semana passada é este doente concreto
que pede ajuda “e não a parte de si
suposta perturbada e muito menos a sua doença. Pede ajuda para a defesa e
manutenção de tudo aquilo que a doença lhe está
a ameaçar, a saber:
Integridade
física, psicológica e social; Segurança,
porventura a mais angustiante das necessidades; Controlo sobre a situação e o
stress; Informação e Decisão que
preservem a autodeterminação; Dignidade; Autonomia sinal primário de saúde. Às vezes, necessidade de Expressão e de Orientação no tempo e no espaço”
A resposta a todas estas necessidades pressupõe Comunicação. E não há necessidade mais básica do ser humano do que Exprimir-se."(p. 6)
A resposta a todas estas necessidades pressupõe Comunicação. E não há necessidade mais básica do ser humano do que Exprimir-se."(p. 6)
Uma dor intensa como numa litíase renal poderá
ser atenuada se for explicado ao doente o
que se passa. No meu caso, foi muito mais intensa porque só quando o
episódio estava ultrapassado compreendi a origem do meu mal.
A comunicação clínica tem melhorado muito desde essa
altura. No entanto, ainda se deve e se pode melhorar muito neste
aspecto.
Dispomos de imensa informação sobre saúde e doença, a todos os níveis, que também ela contribui
para as pessoas estarem mais informadas, compreenderem melhor as opções e estilos
de vida saudáveis que querem adoptar ou ignorar.
Para além da comunicação social massificada,
tanto nos canais abertos como no cabo, ou na internet, hospitais e farmácias têm
editado publicações, em papel e em formato digital, que ajudam a esclarecer,
prevenir, reduzir a ansiedade ou alertar para as questões de saúde que de alguma forma podem vir a comprometer o nosso bem-estar. É de elogiar esse esforço.
Toda a informação, no entanto, não dispensa a qualidade da relação e comunicação de que aqui falamos e as competências clínicas nela envolvidas.
Toda a informação, no entanto, não dispensa a qualidade da relação e comunicação de que aqui falamos e as competências clínicas nela envolvidas.
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