01/05/20

Consequências psicológicas do confinamento físico


O confinamento físico das crianças e jovens junto das suas famílias, resultante da situação inusitada da covid-19 está no oposto daquilo que devia ser o contexto interactivo de qualquer pessoa e por maioria de razão de qualquer criança ou jovem. A criança é por definição activa e necessita de uma variedade de estímulos suficiente e equilibrada para o seu desenvolvimento. Os estudos e experiências psicológicas provam que o desenvolvimento sensoriomotor e simbólico é fundamental para a saúde mental do ser humano, ou seja, a realização de experiências sensoriomotoras a nível da percepção, memória, comunicação não verbal, linguagem e realização de operações cognitivas, que são acompanhadas do afecto da interacção com os pais e com os pares.

Não é só a aprendizagem cognitiva dos conteúdos disciplinares que estão em questão, como parece ser a grande preocupação do ministério da educação, mas todas as outras aprendizagens que levam uma criança ou um adolescente a tornar-se uma pessoa integrada na sociedade.

Mais do que atribuir responsabilidades sobre o estado da educação, esta crise mostrou a importância da interação famílias-escolas na educação e instrução das crianças 
Há que ter em conta que o estádio de desenvolvimento e as circunstâncias do confinamento terão consequências diferentes para cada uma das crianças ou jovens e maneira de lidar com essas circunstâncias...
Mas há aspectos semelhantes. O confinamento físico é, desde logo, um confinamento do corpo que entra em contacto fisico com outros. Esse contacto físico é um sinal de comunicação não verbal que constitui a forma mais primitiva de acção social e está presente em todos os animais.

Nesta situação, como sempre, funcionam os princípios de aprendizagem, os princípios do reforço do comportamento, e isso depende muito de cada família e de cada contexto.
Também depende de como cada um vê a escola, ou seja das expectativas e da valorização que ela merece. 
Os que não gostam da escola e os que se sentem mal na escola ou têm "mágoas da escola” (Pennac), os alunos que são vitimas de bullying ou os alunos com fobia da escola, poderão sentir-se, momentaneamente, aliviados com esta situação.
Mas, por outro lado, a distância social pode reforçar estes comportamentos desajustados e também as falhas de inúmeras situações de aprendizagem social e emocional.

O confinamento físico pode então levar a um afastamento e distanciamento psicológico e social que, por seu lado, pode levar os jovens a situações de desmotivação, de isolamento e exclusão social, de desânimo, de cansaço e de ansiedade generalizada que, em alguns casos, pode ser de pânico .
Muita atenção por isso aos casos em que já há isolamento social, ou seja, em que os jovens não têm interesse pelo estudo, em interagir com os colegas da sua idade, sem motivação para terem uma actividade desportiva, artística ou laboral.

Em síntese, é necessário, aumentar o diálogo dentro da família e aumentar a conexão social através de formas activas de comunicação à distância.

Até para a semana, com muita saúde.












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