É gratificante fazer parte deste povo extraordinário que manifestou a intuição, nesta crise da covid-19, de se antecipar à visão do governo. Foi o que fizeram muitas famílias quando deixaram de levar os filhos às escolas e empresários começaram a fechar empresas e serviços, ou passaram para teletrabalho...
O estado de emergência impôs medidas acertadas e outras controversas, como fechar alguns serviços de saúde, consultórios privados, desmarcar consultas em hospitais e centros de saúde... (1)
Foram dadas informações e orientações que nem sempre eram precisas ou unânimes em relação a determinados procedimentos a adoptar como no caso das estatísticas ou do uso de máscaras...
Ainda não sabemos as consequências de tudo isto mas para já, sabemos que baixaram, drasticamente, o número das urgências hospitalares mesmo em relação a casos graves como as doenças cardiovasculares.
É gratificante, por isso, poder contar com diversas opiniões convergentes ou divergentes e, neste caso, poder criticar o poder – governo, assembleia e presidente – porque se não é correcto haver aproveitamentos políticos por parte da oposição o mesmo acontece em relação ao poder. (2)
Por isso, é patriota precisamente aquele que quer que o seu país seja governado sem corrupção, nepotismo, abuso do poder, pensamento único, e critica com responsabilidade, de forma ordeira e pacífica, (3) quando isso não acontece, com esta crise ou sem ela.
É gratificante poder contar com os profissionais de saúde, que trabalham, mesmo com falta de meios, pela sua reconhecida disponibilidade para estarem na linha da frente. (4)
É também gratificante poder contar com as forças de segurança e as forças armadas portuguesas que na acção e simbolicamente mostraram esta força anímica:
- Em primeiro lugar pela disponibilidade de quem está disposto a arriscar a sua vida pelos outros e a disponibilizar os meios de que dispõem ao serviço da sociedade civil.
- A entrevista do general Ramalho Eanes que a par do equilibrio das decisões pessoais que contam, num contexto de crise, chamou a atenção para a necessidade de definição de estratégias de primeira linha e de segunda linha. Como não estávamos preparados, foram os hospitais que apanharam o embate da primeira linha - honra lhes seja feita - quando deviam estar na retaguarda.
- E também pela autoestima que resulta das pequenas coisas como a canção "O amor a Portugal” pela Orquestra Ligeira do Exército. (5)
A música extraordinária faz parte da banda sonora do filme "Aconteceu no Oeste" ou “Era uma vez no Oeste”, com realização de Sergio Leone, é de Ennio Morricone." Posteriormente foi gravada por Dulce Pontes como "O amor a Portugal”. (6)
“Era uma vez no oeste” conta a estória de um tempo em que o desenvolvimento trazido pelo comboio, dá oportunidade a que as emoções mais destrutivas das pessoas se podem manifestar: os especuladores de terras, os vingativos, os justiceiros, um mundo em que a lei do mais forte se sobrepunha à da justiça. Mas também as positivas: a amizade, a compaixão, a honradez, a verdade...
Imaginemos então que “era uma vez em Portugal” onde os sentimentos fossem os da solidariedade, da bondade e da eliminação do sofrimento dos outros.
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(1) O mesmo pode ser dito para muitos outros serviços, como cabeleireiros e barbeiros...
Também não se compreende como em relação aos funerais foram tomadas medidas tão díspares: em concelhos próximos há freguesias que permitem 3 pessoas e outras 20...
(2) O líder do maior partido da oposição, "Rui Rio escreve aos militantes: criticar o Governo nesta altura não é “patriótico”". Os aproveitamentos políticos não são sempre condenáveis ?
(3) Os grandoleiros já não grandolam e as manifs passaram a ser "ordeiras" e bem "adaptadas" ao poder. Era preferível que fosse uma adaptação à democracia.
(4) É também gratificante ver como a sociedade se mobilizou, como na educação, minimizando os estragos no processo de ensino aprendizagem; com empresas capazes de dar respostas às faltas de material sanitário, desde o fabrico de máscaras, até à criação de ventiladores e a solidariedade em geral de toda a população para com os mais frágeis
(4) É também gratificante ver como a sociedade se mobilizou, como na educação, minimizando os estragos no processo de ensino aprendizagem; com empresas capazes de dar respostas às faltas de material sanitário, desde o fabrico de máscaras, até à criação de ventiladores e a solidariedade em geral de toda a população para com os mais frágeis
(5) Alice Costa, soldado, e João de Campos, sargento-ajudante, cantam esta música com a Orquestra Ligeira do Exército que ganhou um significado muito especial e em menos de 48 horas teve a visualização de dois milhões e meio de portugueses.
(6) Passou esta semana no Fox movies "Aconteceu no Oeste" (ou "Era uma vez no Oeste"), uma história escrita por Dario Argento e Bernardo Bertolucci, com Claudia Cardinale, Henry Fonda, Charles Bronson... com realização de Sergio Leone e com a extraordinária música de Ennio Morricone.
A música do filme foi posteriormente gravada por Dulce Pontes como "Your Love" e depois como "O amor a Portugal", com letra da própria Dulce Pontes e Carlos Vargas (2004).
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