Há precisamente 70 anos, a 27 de Janeiro de 1945, as tropas soviéticas entravam no campo de concentração de Auschwitz. "Os soldados do general Petrenko viram uma imagem aterradora. Cerca de sete mil prisioneiros, famélicos e enregelados, saíram ao seu encontro no meio de montículos de cadáveres de companheiros, mortos por assassinato ou de fome nos últimos dias de cativeiro."
Como é que seres humanos foram capazes de fazer sofrer desta forma outros seres humanos ?
Hoje,70 anos após o final da 2ª guerra mundial, como é que seres humanos podem, todos os dias, assassinar reféns ou milhares de outros seres humanos, com os métodos mais bárbaros,?
As experiências do sofrimento humano, são suficientemente traumáticas para se perceber que as guerras não são uma solução. Há quem continue a acreditar que se resolvem os problemas que enfrentam as sociedades pelo conflito bélico. Há quem faça apelo aos comportamentos mais radicais para impor a sua vontade.
O exemplo do holocausto, de Auschwitz e dos campos de concentração, no entanto, para alguns humanos, não foi suficiente. Depois da segunda guerra mundial continuou a haver guerras disseminadas por todo o lado, em nome de ideologias, em nome de religiões, em nome de interesses económicos.
Por que não somos pacíficos? Por que não seguimos as bem-aventuranças ? (1)
"Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra; Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus". (Mateus 5:1-11)
Como serão chamados filhos de Deus, os assassinos, mesmo quando se julgam mártires?
Um valor ético universal – ser pacífico – vai contra as desculpas que justificam a violência: pelos contextos sociais e humanos em que vivem (2), os bairros pobres e violentos, os genes, um cérebro defeituoso, uma educação errada.
S. Pinker diz-nos que estas deduções são erróneas "na medida em que há uma parte do cérebro que pode prever o castigo e inibir o comportamento, podemos tornar as pessoas responsáveis ... (3)
Segundo Richard Gregory não é verdade que o cérebro esteja feito para procurar a verdade. A verdade, como a utopia, é um a invenção humana.(3)
Não queremos saber a verdade queremos saber aquilo que nos satisfaz ou queremos saber porque o saber nos satisfaz de algum modo..
Também não é verdade que a linguagem sirva apenas para nos entendermos, ela serve também para confundir .
Também não é verdade que a linguagem sirva apenas para nos entendermos, ela serve também para confundir .
É por isso que é tão difícil entendermos o que é a paz.
Mesmo quando fazemos cursos de educação para a paz, confundimos a paz, como é entendida por cada um de nós, com a paz (5). Porque a educação para a paz não é nem pode ser de esquerda nem de direita, como aliás a educação. A paz não é das religiões nem dos ateus.
É por isso que é muito antigo o desejo de controlar a mente do outro, através da lavagem cerebral, da tortura, da crueldade, da aniquilação do outro, desde o assassinato doméstico ao extermínio em massa como aconteceu há 70 anos nesta velha, civilizada e culta Europa.
É por isso que é preciso estar atento ao lobo que se esconde por trás do homem.
Também é verdade que no ser humano se esconde um ser pacífico, capaz de se vincular ao outro.
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Também é verdade que no ser humano se esconde um ser pacífico, capaz de se vincular ao outro.
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1. Na semana do evangelho sobre as bem-aventuranças, verificaram-se os acontecimentos trágicos de Paris.
2. Em recente artigo, Filomena Mónica escrevia sobre este assunto.
3. Referido por Punset, El alma está en el cerebro.
4.Décio Bombassaro - "A vontade má em Hegel", Filosofia, Ano II, nº 15, pag.58-71.
5. Basta ver Bernal, J. D. (trad.1969), Perspectivas de paz. Ou a paz do Conselho Português para a Paz e Cooperação.
2. Em recente artigo, Filomena Mónica escrevia sobre este assunto.
3. Referido por Punset, El alma está en el cerebro.
4.Décio Bombassaro - "A vontade má em Hegel", Filosofia, Ano II, nº 15, pag.58-71.
5. Basta ver Bernal, J. D. (trad.1969), Perspectivas de paz. Ou a paz do Conselho Português para a Paz e Cooperação.
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