13/11/14

Muros


Em 1961, Berlim passou a estar dividida por um muro, que de algum modo representava uma divisão mundial que ficou conhecida como Guerra Fria.

Há 25 anos (9 de Novembro de 1989) o muro foi derrubado. A barreira de betão que dividiu Berlim, a Alemanha, a Europa e o mundo durante quase 30 anos caiu, aparentemente com alguma surpresa e facilidade.
No entanto, muitos contribuíram para que isso acontecesse: Gorbatchov, Lech Walesa, Reagan (“Senhor Gorbatchov, derrube este muro”), e sobretudo os que perderam a vida devido a essa divisão. Estima-se que 136 pessoas tenham perdido a vida a tentar passar para a República Federal Alemã (RFA). 
As comemorações dos 25 anos da queda do muro mostram que não há alternativa à liberdade dos cidadãos mesmo que nem tudo tenha sido positivo, como dizem os saudosistas que podem agora manifestar-se livremente. (Observador)

Mas há outros muros físicos e culturais que continuam a existir no nosso mundo, na nossa sociedade.
São os muros que não queremos, nas palavras dos Pink Floyd,  porque não necessitamos de uma educação de obediência cega, que humilha as crianças, não precisamos de controle mental, não somos apenas um tijolo no muro.

As sociedades através da escola podem propor modelos diferentes de cultura: a cultura muro ou a cultura rede (Bruno Munari).
A cultura muro é a acumulação de noções, apenas pode aumentar pela junção de novos tijolos. Esta cultura considera o processo de aprendizagem como a sedimentação de camadas sucessivas de saberes, que se empilham uns sobre os outros, lenta e progressivamente. 
O muro é apenas construído de baixo para cima. Há apenas uma única maneira de aceder ao saber. Cada noção deve ser bem distinta das outras, cada disciplina bem separada das outras. O muro não é susceptível de mudança.
Mas há a cultura rede que significa tecer o maior número possível de relações entre noções. Uma rede é uma transformação permanente.
Não há uma única maneira de aceder ao saber. Uma rede pode ser construída a partir de um ponto qualquer. Aprender significa modificar e transformar continuamente as conexões entre noções, sejam novas ou já conhecidas. Para facilitar a construção da rede importa multiplicar os pontos de vista. Uma rede não está nunca construída, mas necessita de modificações e cuidados constantes... 
Já Pascal escrevia que era preferível “uma cabeça bem feita a uma cabeça bem cheia”.

Por ocasião do 25º aniversário da queda do Muro de Berlim, o Papa Francisco pediu a construção de pontes e não de muros. Disse ainda que "a queda do Muro chegou de forma imprevista, mas foi possível graças ao longo e difícil compromisso de todas as pessoas que lutaram, rezaram e sofreram .
E´necessarrio que "se desenvolva cada vez mais a cultura do encontro, susceptível de fazer cair todos os muros que ainda dividem o mundo, e para que nunca mais os inocentes sejam perseguidos ou, às vezes, mortos por suas crenças e religiões".
"Precisamos de pontes, não de muros". 

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