A fragilidade da sociedade actual, politica, social e económica é sistémica e interdependente e deveria não só ser vista nessa perspectiva, mas também com novos formas de análise e instrumentos de trabalho.
A crise de 2008 veio mostrar essa fragilidade. Ninguém ou praticamente ninguém previu o que ia acontecer.
Os economistas, politólogos, politicos… não previram nada e pelos vistos continuam a não querer perceber o que se passou e a fazer os mesmos tipos de análises: esquerda/direita, democratas/republicanos, pobres/ricos, público/privado, austeridade/crescimento, finanças/economia, cortes/aumentos, privatizações/nacionalizações, progressistas/conservadores...
Na natureza a chuva voltou na semana passada, mas, nesta semana, aí está de novo o sol e temperaturas amenas. Uns são a favor outros contra a chuva. Há quem ache que devia chover mais tarde e outros que a chuva já devia ter vindo mais cedo. Por causa das vindimas, por causa da azeitona, por causa da fruta, por causa do calor…
Na Primavera, as previsões eram de que este ano não haveria Verão. Enganaram-se redondamente.
Felizmente, a decisão de chover ou não chover, não depende nem vai depender de seres humanos nem sequer vai depender do Tribunal Constitucional !
Em Lampedusa, na Itália, morrem centenas de imigrantes que procuravam na Europa os direitos humanos que não tinham nas suas terras.
Nos Estados Unidos, a sociedade entrou em shutdown não se sabe por quanto tempo. Apenas funcionam os serviços indispensáveis.
Algures na serra da Lousã um jovem casal, ele português ela irlandesa, que se tinham encontrado em Londres onde trabalhavam, resolveram deixar a agitação e o frenesim da grande metrópole para regressarem à mãe natureza, às serras, às quintas, onde ainda há vestígios das casas e das culturas deixadas pelos avós e bisavós. Querem seguir os princípios da mãe natureza e os ritmos naturais do desenvolvimento para os filhos
A mãe natureza vai fazendo o seu trabalho. Os humanos poderiam ter mais sucesso se copiassem os seus ensinamentos.
Um desses ensinamentos é que a natureza é lenta. Tudo tem o seu tempo para crescer e se desenvolver.
A natureza é redundante de modo a que quando um sistema falha outro poderá suprir o seu défice.
A especialização deve ter alternativas para o caso de essa especialização falhar.
A natureza não gosta de nada demasiado grande porque é feio e é frágil. Como costumamos dizer, “quanto maior é a nau maior é a tormenta.” Em vez disso, há uma competição patética pelo maior arranha-céus do mundo, pelo maior supermercado do mundo, pela maior qualquer coisa do mundo…
Por cá, também gostamos disso: mega é a palavra mais usada. Mas errada.
Na educação passamos a construir mega-agrupamentos e parques/centros escolares a 50 Km da casa dos pais, a aumentar as grandes metrópoles com a desertificação do interior ou do mundo rural.
A fusão de empresas, criando maiores empresas, dominantes no mercado, tornam a concorrência meramente virtual. Veja-se o que se passa com o sector energético, com as telecomunicações …
A crise de 2008 foi apenas mais um aviso de que é necessário seguir outros princípios. A menos que se queira cometer os mesmos erros e fragilizar ainda mais a natureza e a sociedade em vez de procurarmos torná-las mais robustas.
(Inspirado em N. Taleb)
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