24/04/13

Abril: a mudança pacífica

J. Cutileiro - Monumento ao 25 de Abril - Lisboa

Nos anos 60 e 70 vivíamos num mundo em que surgiam transformações como antes não tinha  acontecido. Em 1970, Alvin Toffler alertava para a mudança que estava a acontecer e para o seu ritmo acelerado a que chamou "choque do futuro".  Esta grande mudança, a terceira vaga, a era da informação e do conhecimento, não tinha precedentes em todo o mundo.
Há 39 anos, com o 25 de Abril, vimos alterações profundas no nosso país: o fim da guerra do ultramar, a liberdade e liberdade de expressão e a democracia.
Hoje vivemos em democracia com as suas realizações e com as suas falhas. Apesar de continuarmos a penalizar-nos porque nem tudo corre(u) bem, vivemos num país extraordinário que fez progressos enormes na saúde, educação, investigação …
Mas o que mudou na realidade na sociedade? O que mudou nas mentalidades? Continuamos a falar da economia mas o sentido que devíamos dar-lhe é o da bioeconomia ou a economia que tenha em conta a vida das pessoas, fala-se de crescimento mas devia ser de um crescimento ao serviço das pessoas e sem destruir o ambiente.
Perante mais uma crise como a actual estamos a repetir o que se fez na segunda vaga (industrialização), isto é, estamos a responder à crise como se estivéssemos a viver no tempo da industrialização e não na era da informação e conhecimento.
É assim que algumas elites actuais ou do passado, dinossauros políticos, continuam a querer responder a esta questão com revoluções, revoltas e guerras.
De facto, como refere Toffler “a transição para a industrialização foi um longo drama sangrento de guerras, revoltas, fomes, migrações forçadas, golpes de Estado e calamidades."
"Hoje as jogadas são muito mais altas, o tempo mais curto, a aceleração mais rápida e os perigos ainda maiores. Depende muito da flexibilidade e da inteligência das elites, subelites e superelites de hoje.
Se estes grupos se revelarem tão tacanhos, faltos de imaginação e assustados como a maioria dos grupos dirigentes do passado, resistirão rigidamente à Terceira Vaga e com isso aumentarão os riscos de violência e da sua própria destruição.
Se, pelo contrário, fluírem com a Terceira Vaga, se reconhecerem a necessidade de uma democracia alargada, então poderão de facto participar no processo de criar uma civilização da Terceira Vaga, do mesmo modo que as elites mais inteligentes da Primeira Vaga anteviram a vinda de uma sociedade baseada  na tecnologia e participaram na sua criação."
A instabilidade e a incerteza caracterizam a sociedade actual e "sabemos o que significam a guerra e o cataclismo económico e lembramo-nos da frequência com que o totalitarismo tem irrompido de intenções nobres e do colapso social."
"No entanto, o que a maioria das pessoas parece ignorar são as diferenças positivas entre presente e passado. As circunstâncias diferem de país para país mas nunca na história houve tanta gente razoavelmente instruída, colectivamente armada com uma gama tão incrível de saber. Nunca tantos desfrutaram de um tão alto nível de abastança, precário, talvez, mas suficientemente amplo para lhes conceder tempo e energia para preocupação e acção cívicas. Nunca tantos tiveram possibilidade de viajar, de comunicar e de aprender tanto com outras culturas. Sobretudo, nunca tantos tiveram tanto a ganhar através da garantia de que as necessárias mudanças, embora profundas serão feitas pacificamente."

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