No dia 2 de Abril, comemorou-se o dia mundial da consciencialização do autismo. Esta efeméride foi aprovada por uma resolução das Nações Unidas (18/12/2007).
A resolução incita todos os Estados Membros a tomar medidas para consciencializar a sociedade do grave problema do autismo que afecta milhões de indivíduos em todo o mundo, a maior parte das vezes sem diagnóstico precoce nem atendimento adequado.
As pessoas com autismo devem gozar de todos os direitos como qualquer outro cidadão.
Sabemos muita coisa sobre o autismo mas, por enquanto, não sabemos o essencial. Daí que também não saibamos qual o tratamento para a cura. Como diz Nuno Lobo Antunes: “não existem remédios que alterem de forma significativa a capacidade de socialização, ou de empatia ou a rigidez cognitiva” destas crianças.
Sabemos que o autismo tem uma base genética e embora não seja determinado por um único gene o que se sabe é que existem vários genes envolvidos que determinam que a pessoa possa ter um autismo com mais ou menos características, daí falarmos das perturbações do espectro do autismo.
A idade do diagnóstico é muito variável embora nos casos mais graves possa ser detectado desde cedo. Em outros casos acontece mais tarde e isso é um problema para a intervenção precoce.
Tem uma incidência de 1 caso para cada 10.000 pessoas, sendo 4 vezes mais frequente nos rapazes. Em idade escolar uma em cada mil crianças tem autismo.
O Ministério da Educação criou, a partir de 2008, as “modalidades específicas de educação”, inclusivas, que funcionam nas escolas regulares e onde se enquadram as perturbações do espectro do autismo:
- Educação bilingue de alunos surdos,
- Educação de alunos cegos e com baixa visão,
- Unidades de ensino estruturado para a educação de alunos com perturbações do espectro do autismo,
- Unidades de apoio especializado para a educação de alunos com multideficiência e surdocegueira congénita.
As formas de organização das respostas sociais e educativas vêm na sequência da evolução do pensamento cultural sobre a deficiência, integração e inclusão, vertido em documentos legais, internacionais e nacionais, que reflectem os resultados de estudos elaborados nos vários países, como no nosso caso.
Temos trabalhado em equipas que se têm centrado no trabalho no terreno e nas respostas legais que têm vindo a ser definidas.
Em todo o caso, o mais importante, no fundo, é que as respostas funcionem sendo o mais eficazes possível, no estado actual dos nossos conhecimentos… e no estado actual da nossa economia.
O Ministério da Educação optou, no caso das respostas para as crianças com espectro do autismo pelas unidades de ensino estruturado e pelo método TEACCH (Tratamento e educação das crianças autistas e com problemas da comunicação).
Uma das dificuldades do funcionamento do sistema educativo tem a ver com as transições dentro do sistema.
Se a transição para o jardim de infância após a intervenção precoce e para o 1º ciclo, dadas as características das crianças e das escolas se faz sem grandes sobressaltos, com a pre-adolescência e adolescência, isto é, com a passagem para o 2º ciclo e 3º ciclo tudo se torna mais difícil principalmente no plano curricular e social. Que disciplinas incluir no currículo, em que horários, com que recursos humanos ?
As perspectivas dos pais, muitas vezes, estão desfasadas das metas do currículo, ainda que "específico individual" e o que eles mais querem é que os filhos sejam autónomos pessoal e socialmente.
Por outro lado, novos métodos têm sido adoptados e renasce a esperança em alguns pais para que se consigam atingir aquelas metas (método 3I - intensivo, interactivo, individual, a terapia son-rise, o modelo ABA (análise comportamental aplicada)... Mas como integrar tudo isto ?
O que tem vindo a acontecer é que à medida que as crianças vão crescendo as respostas sociais se tornam insuficientes e frágeis e os pais acabam por ter dificuldades em perceber quais vão ser as perspectivas de futuro dos seus filhos ..
O CAO (centro de actividades ocupacionais) parece ser a resposta mais frequente. E se assim é, os pais começam a interessar-se pela transição dos filhos para as instituições que desenvolvem essas respostas.
É necessário que a organização das respostas quer a nível do diagnóstico precoce quer a nível das intervenções e encaminhamentos seja o mais articulada possível.
As melhores respostas educativas são dadas pela educação porém não cabe à educação oferecer as melhores respostas sociais e profissionais.
É por isso que a parceria seria o mais indicado no trabalho com estas crianças e adultos, em que as competências de cada instituição poderiam ser postas ao serviço destas pessoas.
Teríamos, assim, não só modalidades específicas de educação mas também modalidades específicas de intervenção.
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