Sumaúma (Mosteiro dos Jerónimos - Lisboa)
O sistema educativo parece não ter maneira de estabilizar.
A extinção da Área projecto e do Estudo acompanhado porque feita sem qualquer processo democrático de apoio à decisão tem vindo a dar origem a mais instabilidade.
Principalmente, porque são áreas extintas devido a problemas financeiros, embora o executivo diga que é devido a razões pedagógicas e de falta de resultados.
Mas quem introduziu as chamadas novas áreas curriculares (NAC) no currículo? Um governo socialista. Quem é que as vai extinguir? Um governo socialista.
A Área projecto veio substituir a Área-Escola, uma coisa que nunca funcionou em condições e que gastava rios de dinheiro. Lembram-se ?
Sempre defendi que estas NAC não faziam qualquer sentido, com excepção da cidadania ou formação cívica que devia ser uma área disciplinar como qualquer outra, se bem que ela própria seja transversal e também seja tratada nas outras disciplinas.
E concordei ainda menos quando vieram tirar tempo lectivo às artes: à Educação musical e à Educação visual (EVT e EV), à História...
O que agora havia a fazer não seria extinguir mas que fosse reposta a situação anterior e devolver às artes os tempos que lhes foram tirados.
As artes são, em muitas situações, não apenas importantes para a formação integral do aluno, para o ser cultural que cada um de nós é mas também são estratégicas e motivadoras para as outras aprendizagens.
Foi gastar à tripa-forra com a escola a tempo inteiro e com as novas áreas curriculares tornando o currículo cada vez mais extenso e disperso.
Agora corta-se. A paixão da educação deu lugar à desilusão.
Quanto ao Estudo acompanhado parece que não acaba mas vai ser reformulado. Também aqui era fácil perceber. O que faziam os alunos com níveis 4 e 5 no Estudo acompanhado? Agora propõe-se o estudo acompanhado apenas para os alunos com dificuldades de aprendizagem. Vamos ver como se organiza.
A sociedade que foi posta de parte com estas medidas, como aliás aconteceu com as actividades de enriquecimento curricular (AEC's), não me parece que esteja preparada para dar resposta imediata a este problema, isto é, às horas que os alunos vão deixar de ter no currículo. Muitos dos tempos livres foram desmantelados. O desporto e as artes que deviam ser cada vez mais desenvolvidos não o foram porque os alunos já chegam exaustos a casa com a escola a tempo inteiro.
Moral da história: Às vezes lutamos e não conseguimos nada nem que alguém nos oiça.
Às vezes sem fazermos nada, as coisas acontecem.
É por isso que não vale a pena vivermos a instabilidade que os outros nos querem transmitir, porque, afinal, quase sempre, a resposta vem no dia seguinte.
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