O trabalho tem uma função social de grande importância nas nossas vidas.
No entanto, o trabalho também nos põe doentes. Já vai longe o tempo em que Maria Velho da Costa escreveu Português, trabalhador, doente mental. Mas o quotidiano mostra que continua a ser assim.
Se o emprego não dá só por si felicidade, também sabemos que há correlação negativa entre desemprego e felicidade. Isto é, quem está desempregado também não é feliz por causa disso.
Por outro lado, pessoas infelizes não são bons funcionários e, por isso, estão mais frequentemente desempregados. As pessoas felizes estão mais interessadas no seu trabalho e por isso têm menos hipóteses de serem despedidas.
Uma notícia curiosa dos últimos dias pode fazer reflectir sobre o assunto: Dois namorados estão em tribunal depois de terem ganho o euromilhões devido ao desentendimento resultante de terem ficado ricos.
Então o que é que pode fazer as pessoas felizes?
Eu podia ser mais feliz se fosse mais rico, se fosse magro, casado ou divorciado, empregado ou reformado?
As investigações do psicólogo Martin Seligman, vieram dar resposta a algumas dessas questões.
É evidente que uma situação financeira confortável ajuda. Mas é um erro pensar que, quanto mais dinheiro, mais satisfação. Especialmente se, para consegui-lo, se sacrificam outros aspectos.
A riqueza tem uma correlação muito baixa com o nível de felicidade. Os ricos são, em geral, só um pouco mais felizes do que os pobres. Nos Estados Unidos, enquanto o rendimento aumentou 16% nos últimos trinta anos, o número de indivíduos que se consideram muito felizes caiu de 36% para 29%.
Segundo Daniel Gilbert, o melhor prognóstico para a felicidade são as relações humanas e quanto tempo uma pessoa passa com a família e os amigos. Isso é mais importante do que dinheiro e até a saúde.
A felicidade momentânea pode existir e ser aumentada por meio de artifícios como um chocolate, um bom filme, uma roupa nova, um ramo de flores, uma viagem.
Quanto à beleza física certamente traz vantagens adicionais. Mas o facto é que a boa aparência exerce um efeito muito pequeno sobre a felicidade. Marilyn Monroe era bela e profundamente infeliz.
Até à década de 60, acreditava-se que a felicidade estava associada à juventude e também a um bom nível de instrução. Essa ideia foi negada pela experiência. Velhos que tiveram uma boa vida dificilmente encontram motivos para serem infelizes e pessoas menos cultas podem achar a felicidade dentro dos seus interesses culturais e das suas possibilidades.
É possível ensinar as pessoas a serem felizes.
Os pais podem desenvolver as características positivas dos seus filhos e não apenas corrigir as características negativas. A educação pode, assim, ser uma tarefa agradável apesar das dificuldades que sempre acontecem no percurso do desenvolvimento. Este registo afectivo é certamente um seguro para o futuro da criança tornando-a responsável, equilibrada e feliz.
Mas para ensinar as crianças a serem felizes é necessário que os adultos sejam também eles acarinhados.
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