Estamos a comemorar Abril.
Podemos, felizmente, não ter a mesma opinião de Mário Soares.
Podemos mesmo ser contra a opinião de Mário Soares.
Por isso
SIGAMOS O CHERNE
Sigamos o cherne, minha Amiga!
Desçamos ao fundo do desejo
Atrás de muito mais que a fantasia
E aceitemos, até, do cherne um beijo,
Senão já com amor, com alegria...
Em cada um de nós circula o cherne,
Quase sempre mentido e olvidado.
Em água silenciosa de passado
Circula o cherne: traído
Peixe recalcado...
Sigamos, pois, o cherne, antes que venha,
Já morto, boiar ao lume de água,
Nos olhos rasos de água,
Quando, mentido o cherne a vida inteira,
Não somos mais que solidão e mágoa...
Alexandre O'Neill, in Jorge de Sena, Líricas Portuguesas, vol. I, Edições 70, 1983
Sem comentários:
Enviar um comentário