20/04/09

Liberdade

Estamos a comemorar Abril.
Podemos, felizmente, não ter a mesma opinião de Mário Soares.
Podemos mesmo ser contra a opinião de Mário Soares.
Por isso

SIGAMOS O CHERNE

Sigamos o cherne, minha Amiga!
Desçamos ao fundo do desejo
Atrás de muito mais que a fantasia
E aceitemos, até, do cherne um beijo,
Senão já com amor, com alegria...
Em cada um de nós circula o cherne,
Quase sempre mentido e olvidado.
Em água silenciosa de passado
Circula o cherne: traído
Peixe recalcado...
Sigamos, pois, o cherne, antes que venha,
Já morto, boiar ao lume de água,
Nos olhos rasos de água,
Quando, mentido o cherne a vida inteira,
Não somos mais que solidão e mágoa...

Alexandre O'Neill, in Jorge de Sena, Líricas Portuguesas, vol. I, Edições 70, 1983

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