We'll Meet Again - Vera Lynn (20/3/1917 – 18/6/2020)
18/06/20
10/06/20
Neste dia da ditosa Pátria, uma chula de Vianna da Motta
Vianna da Motta (1868-1948) - Cenas Portuguesas, Op.9 Nº2 - Chula.
Sofia Lourenço, piano.
#Metrue
True - Spandau Ballet
Vivemos tempos em que a propaganda psicológica, "a manipulação dos espíritos", é levada ao seu ponto mais maquiavélico, utilizando os métodos e as técnicas mais sofisticadas de orientação e manipulação.
A propaganda encontrou um meio poderoso que antes não existia, a internet, e as formas de interacção mais poderosas, para o bem e para o mal, as redes sociais.
Uma das técnicas bem conhecidas de propaganda é a da simplificação, talvez, a característica fundamental da propaganda actual. Usa apenas um hashtag (cardinal+palavra) para chegar instantaneamente a todo o lado e fazer prosélitos em toda a parte do mundo.
Tags são palavras-chave ou termos associados a uma informação, tópico ou discussão que se deseja indexar de forma explícita no Twitter, e também ao Facebook, Google+, Youtube e Instagram.(Wikipedia)
Temos assim um novo activismo: o activimo de hashtag também designado por ciberactivismo que é usado para partilhar assuntos com os "amigos" e seguidores, que por seu lado irão partilhar com outros "amigos" e seguidores.
É assim que o movimento #metoo, deixa a grande distância a propaganda do tempo do "AL Gore sou eu e tu" ou, por cá, mais recente a do "somos todos Centeno". (2)
Outro dos princípios a que a propaganda deve obedecer é não mentir. Por isso, inventamos palavras e expressões novas para designar mentira como pós-verdade, fake news, ou, finalmente, autoverdade, onde cada um tem a sua verdade e está convencido dela. E nesse caso a mentira passa a ser outra coisa.
Chamem-lhe o que quiserem. Na realidade, hoje vivemos na era da mentira. (2)
Perante a informação da comunicação social, e das redes sociais, que impulsiona esta onda de mentiras devemos ser mais do que espectadores, devemos ser suspeitadores como método necessário desde Descartes ou desde o método do kalama suta, a resposta de Buda.
Método tanto mais necessário quanto os media actuais fazem ruído com o status quo do socialismo marxista-leninista-trotskista-maoista que se instalou. Não sabemos onde acaba a informação, começa o comentário e a manipulação. Devemos ser suspeitadores de forma a desconstruir as mentiras, utilizando a dúvida metódica sobre tudo o que passam nos canais de todas as televisões do mundo.
Tudo o que não joga a favor deles é de extrema direita ou fascista. (Uma máquina de fazer fascistas). A repetição do hashtag até à exaustão em todos os canais, com raríssimas excepções, o que faz é banalizar o fascismo, a direita e a extrema direita que assimilam a racismo, machismo, violência de género, etc. ... acabam por chocar os próprios seguidores e contribuir para que as pessoas, os eleitores, optem por aquilo que eles desprezam. (3)
O activismo de hashtag é defendido pelos que acham que permite divulgar uma ideia, uma informação, pelas pessoas de todo o mundo, ao mesmo tempo. Os críticos, por outro lado, afirmam que o activismo de hashtag pode ser utilizado facilmente para manipular pessoas, promovendo mentiras e ideias preconceituosas.
Até para a semana, com muita saúde.
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(1) No dia em que escrevo, Centeno terminou o seu ciclo, como disse o primeiro-ministro, de ministro das finanças. Como era de prever depois do caso Novo Banco.
(2) ElBaradei ex-director geral da Agência internacional de energia atómica, das Nações Unidas, de 1997 a 2009, que com a IAEA receberam o prémio Nobel da paz, em 2005, escreveu " A era da mentira".(3) "#Ele não" foi a simplificação encontrada para as últimas eleições no Brasil. Nas democracias onde não há o governo que lhes convém, a "máquina de fazer fascistas", #antifa, está em funcionamento permanente... como em Arroios. O que a polícia tem que suportar! Já nas ditaduras, para estes progressistas, não há discursos de exclusão. Ou melhor há apenas um pequeno problema: por vezes, há quem pense e tenha que ser retirado imediatamente de circulação.
09/06/20
Regras, normas e valores

Por que será tão difícil aceitar e ou cumprir as regras (1) vigentes numa sociedade ou mesmo as regras que definimos para nós próprios?
Podemos falar de vários tipos de pessoas: as que em geral cumprem as regras, as que são contra as regras e as indiferentes à existência ou não de regras porque elas próprias fazem as suas regras conforme lhes dá jeito.
No entanto, é do conjunto destes comportamentos individuais de adaptação, anomia ou antinomia que depende termos sociedades mais ou menos disciplinadas.
Um povo é disciplinado quando cada um dos os seus cidadãos é disciplinado. Por isso é tão importante ver este processo de aquisição das normas do ponto de vista individual e não apenas grupal. Os clichés aplicados a grupos e a povos podem resultar de avaliações e decisões erradas. Se um polícia tem um comportamento abjecto e criminoso não é por isso que se vai definir do mesmo modo todo esse grupo profissional... (2)
Para que as regras sejam mais facilmente compreensíveis e equitativas normalmente são estabelecidos regulamentos internos ou normas de execução permanentes (NEP) para ser
reduzido o campo da dúvida em relação à maneira de actuar: Há deontologias a cumprir, protocolos a respeitar e checklists a executar para que as interacções e intervenções resultem em eficiência e eficácia e o erro seja reduzido ao mínimo.
Porém, quando se percorrem caminhos que não são conhecidos como acontece com a actual pandemia, as regras vão sendo feitas de forma casuística e tacteando na escuridão, com acertos e contradições, de forma a que o caos não se estabeleça.
Seria impossível viver num mundo sem regras. Desde pequenos que fazemos a aprendizagem das coisas mais elementares como a higiene ou ser educado com familiares, vizinhos ou professores. As regras de boa educação são fundamentais para a interacção humana.
Sabemos isso muito bem. Mas então por que é tão difícil não cuspir para o chão ?
Por que é tão difícil não deitar lixo para o chão agora ainda mais sujo com máscaras e luvas de protecção contra a covid ? (3)
Por que é tão difícil trazer os animais de companhia com trela na rua?
Por que se continua a conduzir e falar ao telemóvel?
Por que é tão difícil não perturbar o descanso dos outros durante a noite ?
Etc., etc....
Etc., etc....
Jordan Peterson, em 12 regras para a vida - um antídoto para o caos, refere a importância dessas regras, a ordem, para prevenir o caos.
“A ordem é quando as pessoas ao nosso redor agem de acordo com normas sociais bem definidas, comportando-se de forma previsível e cooperante. É o mundo da estrutura social, dos territórios explorados do que nos é familiar.
O caos, por outro lado, é onde – ou quando - acontece algo inesperado. O caos emerge de uma forma trivial, quando contamos uma piada numa festa a pessoas que julgamos conhecer. E um silêncio desconfortável e penoso se abate sobre o grupo. O Caos é o que acontece, na sua forma trágica, quando de repente perdemos o emprego ou somos traídos numa relação amorosa."
Se queremos ordem na nossa vida então precisamos de regras que lhe dêem sentido.
Ate para a semana com muita saúde.
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(2) O comportamento de cada indivíduo face às regras está na origem de grandes conflitos e de grandes perturbações sociais. É nestas ocasiões que surgem reacções tão diferentes como no caso George Floyd, nos EUA, ou o caso Ihor Homenyuk, em Portugal.
Nestas alturas críticas os comportamentos permitem ter uma atitude consentânea com valores, normas e regras e também de sair do rebanho, tendo uma atitude proactiva e diferente dos que assistem passivamente.
Não ha certamente normas ou regras nas polícias que possam permitir a detenção de um ser humano desta forma cruel e brutal. Foi o comportamento violento de um e a passividade de outros, do grupo, que levou a estes desfechos trágicos. O mesmo desrespeito acontece com o comportamento dos que reagem com violência e criam o caos nas ruas...
(3) Nesta pandemia temos visto a dificuldade em se cumprirem regras que são estabelecidas pelas entidades de saúde. Se estamos numa situação nova para todas as ciências e, por isso, é por vezes difícil aceitar estas regras dadas as contradições entre vários experts na matéria, o uso de máscara é apenas um exemplo, não se entende como são tomadas medidas complacentes (mas perigosas do ponto de vista da saúde) em relação a uns casos - 1º de Maio, concerto do Campo Pequeno, manifestações ditas contra o racismo - enquanto em outros casos há uma controle apertado. A dita esquerda tem um estatuto próprio em tudo mesmo face a uma pandemia !
Também assistimos a métodos diferentes seguidos pelos vários países em relação às orientações da OMS e a julgamentos diferentes pela comunicação social, conforme se trata do Brasil ou da Suécia, por ex.
01/06/20
Dia Mundial da Criança
(Fotografia da capa do livro de Françoise Dolto, A Criança e a Família, Pergaminho - Cheryl Maeder - Stock Directory/Casa da Imagem)
"Educar é suscitar a inteligência, as forças criativas de uma criança, dando-lhe ao mesmo tempo os seus próprios limites para que ela se sinta livre de pensar, sentir e julgar de forma diferente da nossa, continuando a amar-nos." (Françoise Dolto)
27/05/20
"Técnicos de representação permanente"

Daqui
A Autoeuropa era um dos sítios onde a encenação político-partidária era pouco provável. Pela lógica, seria o local ideal para falar de empresas e de exportações... Mas enganei-me.
Quase fiquei envergonhado com o descaramento do sr. primeiro-ministro que deu como adquirido que daqui a um ano estarão, ele e Marcelo, a almoçar na Autoeuropa. Ou seja, Marcelo já está eleito e ele, Costa, primeiro-ministro de um governo minoritário, também estará à frente do executivo.
Sendo assim para quê realizar eleições ? O povo vai votar para quê ?
Marcelo em vez de se distanciar desta posição não o fez. Aliás, não sabemos se se vai recandidatar e os motivos por que o faz.
O motivo que se conhece - a gente nunca sabe quais são os motivos reais - para justificar a saída da procuradora geral da república, Joana Marques Vidal, foi que Marcelo defendia mandatos mais longos e únicos.
Podemos perguntar se fez alguma coisa para aplicar esta posição ao seu próprio cargo, um mandato único de 6 anos, por ex.. Que se saiba nada foi feito.
Todos sabemos que um presidente, após eleição, é presidente de todos os portugueses. Com Marcelo não é diferente. Mas todos sabemos também qual foi a base eleitoral que o levou ao mais alto cargo da Nação quando foi necessário lutar contra as ideias “do homem novo” de António Nóvoa.
A cooperação institucional é sempre de elogiar mas aquilo a que assistimos é a uma concordância completamente desproporcionada com Costa como aconteceu recentemente no diferendo com Centeno.
Marcelo bate-se pela verdade. Foi para isso que foi eleito. Mas qual é a verdade sobre Tancos, a verdade sobre os incêndios de 2017?
A verdade sobre o novo banco, sobre a TAP?
Sobre as PPP rodoviárias ruinosas, as PPP da Saúde que têm resultados positivos?
A verdade sobre o interior e a coesão territorial? A redução dos preços das scuts afinal podem esperar que a covid passe. A coesão vem a seguir.
A verdade sobre as carreiras dos professores e pessoal de saúde ?
A verdade sobre a austeridade que Costa diz que não há e não quer mas a carga de impostos nunca foi tão elevada como nos dois últimos anos?
A verdade sobre a reforma política e eleitoral?
...
Desde o mergulho no Tejo, nas vitórias e também nas derrotas, aprecio a vertente afectiva da personalidade de Marcelo. É genuína e uma das suas mais valias. A sua formalidade-informalidade permanentes é de elogiar, a sua capacidade cognitiva é de relevar ... e nisso não há surpresas na sua actuação...
Mas Marcelo e Costa também sabem que os partidos à sua esquerda aceitam a democracia e o parlamento como mal menor... e que com eles não haverá medidas estruturantes necessárias ao país e ao regime democrático e parlamentar.
É por isso que as pessoas deixam de votar. Porque não querem fazer parte duma encenação em que o espectáculo já esta montado.
A covid não explica tudo! O "teatro" da Autoeuropa foi enjoativo. E não é possível ficarmos indiferentes a estes “técnicos de representação permanente “ *.
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* A expressão é de Pedro Santana Lopes
20/05/20
Fátima, fados e bola
Amália Rodrigues - "Canção Do Mar"
1. Antes do 25 de Abril, havia uma canção de protesto (1) que começava assim: “Cortejos e procissões,/Fátima, fados e bola,/ são estas as distracções/ dum povo que pede esmola...”.
Fátima, fados e futebol era, ainda é, o ópio do povo, principalmente para os intelectuais de esquerda que revelavam também desta forma o seu fanatismo ideológico, como o pior dos fanatismos religiosos.
2. Em 1955, o sociólogo e filósofo Raymond Aron escreveu “O ópio dos intelectuais”, onde “fez uma análise fulminante dos mitos e ilusões que dominavam o pensamento que hoje seria chamado de “progressista”.
Não deixa de ser curioso que, em 2018, foi inaugurada a “internacional progressista”.
Raymond Aron, a partir da tristemente célebre frase de Marx de que “A religião é o ópio do povo”, apontou as semelhanças do esquerdismo com uma religião fanática e fundamentalista. (2)
3. Desde então, o fanatismo e a intolerância tomou conta de intelectuais e académicos, impiedosos nas críticas às falhas das democracias, ao mesmo tempo que silenciam os regimes totalitários de esquerda e que mantêm em vigor os mitos de sempre: o mito da esquerda bondosa, o mito da revolução popular, o mito do proletariado, o mito do progresso.
5. A ironia de tudo isto é que, passado este tempo, nunca estes símbolos da vida dos portugueses foram tão fortemente desejados.
Fátima continua a ser o lugar de espiritualidade a que muitas pessoas se sentem atraídas, tenham muita ou pouca fé, sejam mais simples, letradas ou intelectuais.
O fado foi completamente reabilitado, por gente de esquerda, coitada da Amália molestada a seguir ao 25 de Abril!, e agora é, para a UNESCO, património imaterial da humanidade.
O futebol nunca esteve tão entranhado nos hábitos dos Portugueses.
5. A ironia de tudo isto é que, passado este tempo, nunca estes símbolos da vida dos portugueses foram tão fortemente desejados.
Fátima continua a ser o lugar de espiritualidade a que muitas pessoas se sentem atraídas, tenham muita ou pouca fé, sejam mais simples, letradas ou intelectuais.
O fado foi completamente reabilitado, por gente de esquerda, coitada da Amália molestada a seguir ao 25 de Abril!, e agora é, para a UNESCO, património imaterial da humanidade.
O futebol nunca esteve tão entranhado nos hábitos dos Portugueses.
6. Na realidade precisamos de rituais (3), de vivências tradicionais que passam por estas manifestações. Precisamos de símbolos e de parábolas. Símbolos de paz, de tolerância, de superação, de sucesso, de fraternidade, de bondade, de perdão, de respeito pelos mais frágeis, crianças e velhos...
Precisamos de símbolos porque o "símbolo" é um elemento essencial do processo de comunicação, nas mais variadas vertentes do ser e do saber humano e que fazem parte do nosso património cultural e espiritual.
Esta crise sanitária, com a falta destas manifestações, veio revelar uma sociedade distópica e atípica. O isolamento social é perturbador do funcionamento psicológico, das manifestações afectivas entre seres que necessitam de relação interpessoal.
Os símbolos unem as pessoas.
Com esta crise, todas essas manifestações, familiares, quotidianas, terminaram ou passaram a ser virtuais. A carga simbólica do isolamento, da solidão, do luto e do silêncio presentes na figura do Papa Francisco na Praça de S. Pedro ou no deserto do Santuário de Fátima, em 12 e 13 de Maio, foram extremamente expressivas desta necessidade humana.
Este pesado silêncio, este luto, nem sempre feito, nunca foi vivido por tanta gente ao mesmo tempo. Um tempo tão estranho como este está a ser vivenciado por milhões de pessoas.
Por isso, com toda a racionalidade (4), voltaremos a Fátima, ao futebol e a cantar o fado.
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(1) Fiquei a saber que existe um Observatório da canção de protesto.
(2) O fanatismo político frequentemente praticado por intelectuais e militantes de esquerda espelha uma assimilação da fé religiosa no que ela apresenta de mais vicioso e perverso, a saber, sua inclinação para a violência justificada por um conjunto duvidoso de certezas fundamentalistas. (Sinésio Ferraz Bueno )
(3) Talvez por isso, os “progressistas”, precisem tanto de manifestações deste tipo, como o 25 de Abril, o 1º de Maio ou a “festa do Avante”!
(4) A questão de R. Aron é a de saber se é possível vislumbrar o “fim da era ideológica” e o triunfo do poder da razão.
14/05/20
Controlar as emoções destrutivas
Estamos tristes e sensibilizados com mais um caso de maus tratos que vitimaram uma criança de 9 anos.
E, novamente, nos interrogamos sobre a violência do ser humano no relacionamento com as crianças.*
Mas o que já sabemos sobre estas tragédias do ponto de vista sistémico ajuda-nos na compreensão destes casos.
O filicídio materno e ou paterno é um acontecimento de grande complexidade mas, mesmo assim, podemos estabelecer os perfis das vítimas e dos criminosos. Há muitas semelhanças mas também algumas diferenças entre os abusadores maternos e paternos.**
Tanto quanto sabemos a situação socio-familiar tinha tudo para correr mal.
Em geral, nestas situações encontramos:
- familias disfuncionais com problemas relacionais e familiares: separações, divórcios, violência doméstica, ciúmes, litígio pela regulação das responsabilidades parentais;
- história anterior de maus-tratos infligidos contra os filhos e relacionamentos emocionais desajustados, de que a fuga da criança seria um sinal a valorizar;
- contexto de toxicodependência;
- condições socio económicas desfavoráveis: desemprego, dificuldades financeiras;
- comportamento antissocial, comportamento agressivo e história de condenações anteriores;
- As vítimas são sujeitas a modelos de maus tratos intrafamiliares.
Neste caso, também não ajudou a circunstância de confinamento imposta pela covid-19 e a necessidade de acesso à internet para continuar as aprendizagens escolares de forma não presencial.
A escola para estas crianças funciona quase sempre como um factor de protecção e está em condições de perceber muitos sinais de perigo que as crianças nos dão.
Este conjunto de vulnerabilidades podem ser comuns à vida familiar de muitas outras crianças. A dificuldade está em perceber até onde os factores de risco podem ser contrabalançados com os factores de protecção.
E isto nem sempre é fácil de interpretar para quem trabalha com estas situações podendo-se cometer erros de subavalição que levam a desfechos trágicos.
Sem dúvida que a avaliação das competências parentais, dos factores de risco e dos factores de protecção não podem ser minimizados em qualquer circunstância e em especial quando se trata de confiar a educação da criança aos progenitores ou a um deles.
Como costumamos dizer cada caso é um caso e não deve haver uma regra preferencial para atribuição do poder parental. Sem dúvida que é desejável a guarda partilhada, porém essa pode ser a decisão errada.
O que podemos fazer para que este mal seja erradicado da nossa sociedade? Há medidas que abrangem vários sectores mas a educação na família e na escola é fundamental.
Educar com o coração** ou seja educar as competências emocionais para poder ser capaz de controlar as emoções destrutivas .
Os próprios pais devem reconhecer que quando não são competentes para educar os filhos devem pedir ajuda. Porém, é mais frequente assistirmos a conflitos entre progenitores que querem a qualquer preço ficar com a criança como forma de vingança em relação ao outro progenitor.
Uma educação eficaz tem que ter no seu currículo*** uma componente emocional sem a qual as aprendizagens vão criar pessoas que até podem ser profissionalmente competentes mas muito frágeis no relacionamento humano.
Até para a semana, com muita saúde.
________________________________
* Infelizmente, um pouco por todo o mundo... Ficamos sem palavras, o silêncio de uma dor sem limites, perante tamanha violência para com as crianças.
** Ana Carolina B. S. Pereira, Filicídio: alguns contributos para a compreensão do fenómeno.
*** Goleman, D. - Emoções destrutivas e como dominá-las, C. Leitores. (cap. 11, "Formar um bom coração" e cap. 12, "Encorajar a compaixão".
** Ana Carolina B. S. Pereira, Filicídio: alguns contributos para a compreensão do fenómeno.
*** Goleman, D. - Emoções destrutivas e como dominá-las, C. Leitores. (cap. 11, "Formar um bom coração" e cap. 12, "Encorajar a compaixão".
11/05/20
"Canções que minha mãe me ensinou"
"Canções que minha mãe me ensinou", por Antonín Dvořák.
É a quarta das sete músicas do ciclo Canções Ciganas, (B. 104, Op. 55), escritas para voz e piano, em 1880. As músicas ciganas são compostas por poemas de Adolf Heyduk.
Orquestra Sinfónica de Gimnazija Kranj
Maestro: maestro Nejc Bečan
Soprano solo: Ernestina Jošt
Maestro dos Coros: Erik Šmid
Arranjo: mag. Jaka Pucihar
Tradução para inglês: Tog Hoath
08/05/20
Para além da covid-19, a peste emocional

Fome, peste e guerra são os males que a humanidade ou cada um de nós mais teme. Ao longo da história fomos vivendo com estes cavaleiros do apocalipse, adormecidos, que aparecem quando menos esperamos.
Nos últimos tempos, houve grandes melhorias na vida das pessoas e reinava algum optimismo: em relação à fome com milhões de seres humanos a saírem da miséria, a guerra passou por uma fase de alguma distensão (détente) ou de confinação a alguns países e a peste fazia parte das memórias de há cem anos. Mas o encontro com a morte de que nos dá conta Ingmar Bergman n' "O Sétimo Selo" está aí de novo. Podemos adiar o xeque-mate e entreter a morte durante algum tempo mas ela reaparece para nos recordar a nossa fragilidade.
"O Sétimo Selo” passa-se durante a grande praga de peste bubónica, conhecida como Peste Negra. Chegou à Europa em 1347 através de barcos genoveses vindos da Crimeia. A peste que tempos antes assolara a Ásia chegava por via da rota da seda e atacava os comerciantes italianos. Em pouco tempo, devido às pulgas dos ratos e à insalubridade das cidades, a doença alastrou-se a toda a Europa e países mediterrânicos.
As semelhanças com a covid-19 não deixam de ser surpreendentes. A peste actual fez o mesmo percurso de contaminação e veio trazer para primeiro plano a angústia e sofrimento.
Como então, actualmente, no meio destes medos terríveis da pandemia, os seres humanos e a sociedade, criam os seus próprios problemas.
Se há problemas que não podemos resolver de imediato, há outros que não se entende porque continuam a existir nas sociedades.
O que é paradoxal, ao contrário do que acontece com a covid-19, é termos soluções para acabarmos com eles ou pelo menos minimizá-los, e muito pouco fazermos para isso.
Como as grandes catástrofes, nascem dentro de nós ou dentro de portas, casas ou países: a peste emocional (Reich) faz parte do quotidiano, e manifesta-se
- pela violência doméstica
- pelo abuso de menores
- pela falta de apoio aos sem abrigo
- pelo tráfico de seres humanos
- pelos dramas causados pela toxicodependência
- pelos grandes negócios da corrupção, do tráfico de armas e de drogas.
- ...
Dois exemplos:
Somos confrontados com frequência com a informação de abuso e violação de menores como aconteceu esta semana com mais uma violação de uma menor pelo próprio pai.
E o que faz o poder e a sociedade para além de nos indignarmos ?
O Sr. Presidente da República fez do apoio aos sem-abrigo uma bandeira.
Há em Portugal mais de 4000 pessoas a viver na rua ou em centros de abrigo temporário espalhados pelo país. Quase metade vivem em Lisboa. Os espaços para acolher estas pessoas são insuficientes, com o problema agravado por esta pandemia. Não seria possível haver respostas sociais e psicológicas que dessem aos sem-abrigo condições mínimas de vida digna?
A peste emocional é um doença que pode ser tratada. É necessário reconhecer que ela existe e procurar ajuda ou levar ajuda a quem precisa.
A peste emocional é um doença que pode ser tratada. É necessário reconhecer que ela existe e procurar ajuda ou levar ajuda a quem precisa.
Até para a semana, com muita saúde.
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