09/06/20

Regras, normas e valores


Lançar máscara e luvas para o chão é "falta de educação", e não só

Por que será tão difícil aceitar e ou cumprir as regras (1) vigentes numa sociedade ou mesmo as regras que definimos para nós próprios? 
Podemos falar de vários tipos de pessoas: as que em geral  cumprem as regras, as que são contra as regras e as indiferentes à existência ou não de regras porque elas próprias fazem as suas regras  conforme lhes dá jeito.

No entanto, é do conjunto destes comportamentos individuais de adaptação, anomia ou antinomia  que depende termos sociedades mais ou menos disciplinadas.
Um povo é disciplinado quando cada um dos os seus cidadãos é disciplinado. Por isso  é tão importante ver este processo de aquisição das normas do ponto de vista individual e não apenas grupal. Os clichés aplicados a grupos e a povos podem resultar de avaliações e decisões erradas. Se um polícia tem um comportamento abjecto e criminoso  não é por isso que se vai definir do mesmo modo todo esse grupo profissional... (2)

Para que as regras sejam mais facilmente compreensíveis e equitativas normalmente são estabelecidos regulamentos internos ou normas de execução permanentes (NEP) para ser 
reduzido o campo da dúvida em relação à maneira de actuar: Há deontologias a cumprir, protocolos a respeitar e checklists a executar para que as interacções e intervenções resultem em eficiência e eficácia e o erro seja reduzido ao mínimo.
Porém, quando se percorrem caminhos que não são conhecidos como acontece com a actual pandemia, as regras vão sendo feitas de forma casuística e tacteando na escuridão, com acertos e contradições, de forma a que o caos não se estabeleça.

Seria impossível viver num mundo sem regras. Desde pequenos que fazemos a aprendizagem das coisas mais elementares como a higiene ou ser educado com familiares, vizinhos ou professores. As regras de boa educação são fundamentais para a interacção humana.
Sabemos isso muito bem. Mas então por que é tão difícil não cuspir para o chão ?
Por que é tão difícil não deitar lixo para o chão agora ainda mais sujo com máscaras e  luvas de protecção contra a covid ? (3)
Por que é tão difícil trazer os animais de companhia com trela na rua?
Por que se continua a conduzir e falar ao telemóvel?
Por que é tão difícil não perturbar o  descanso dos outros durante a noite ?
Etc.,  etc....

Jordan Peterson, em 12 regras para a vida - um antídoto para o caos, refere a importância dessas regras, a ordem, para prevenir o caos.
“A ordem é quando as pessoas ao nosso redor agem de acordo com normas sociais bem definidas, comportando-se de forma previsível e cooperante. É o mundo da estrutura social, dos territórios explorados do que nos é familiar.
O caos, por outro lado, é onde – ou quando - acontece algo inesperado. O caos emerge de uma forma trivial, quando contamos uma piada numa festa a pessoas que julgamos conhecer. E um silêncio desconfortável e penoso se abate sobre o grupo. O Caos é o que acontece, na sua forma trágica, quando de repente perdemos o emprego ou somos traídos numa relação amorosa."
Se queremos ordem na nossa vida então precisamos de regras que lhe dêem sentido.

Ate para a semana com muita saúde.

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(2) O comportamento de cada indivíduo face às regras está na origem de grandes conflitos e de grandes perturbações sociais. É nestas ocasiões que surgem reacções tão diferentes como no caso George Floyd, nos EUA, ou o caso Ihor Homenyuk, em Portugal. 
Nestas alturas críticas os comportamentos permitem ter uma atitude consentânea com valores, normas e regras e também de sair do rebanho, tendo uma atitude proactiva e diferente dos que assistem passivamente.
Não ha certamente normas ou regras nas polícias que possam permitir a detenção de um ser humano desta forma cruel e brutal. Foi o comportamento violento de um e a passividade de outros, do grupo, que levou a estes desfechos trágicos. O mesmo desrespeito acontece com o comportamento dos que reagem com violência e criam o caos nas ruas...

(3) Nesta pandemia temos visto a dificuldade em se cumprirem regras que são estabelecidas pelas entidades de saúde. Se estamos numa situação nova para todas as ciências e, por isso, é por vezes difícil aceitar estas regras dadas as contradições entre vários experts na matéria, o uso de máscara é apenas um exemplo, não se entende como são tomadas medidas complacentes (mas perigosas do ponto de vista da saúde) em relação a uns casos - 1º de Maio, concerto do Campo Pequeno, manifestações ditas contra o racismo - enquanto em outros casos há uma controle apertado. A dita esquerda tem um estatuto próprio em tudo mesmo face a uma pandemia !
Também assistimos a métodos diferentes seguidos pelos vários países em relação às orientações da OMS e a julgamentos diferentes pela comunicação social, conforme se trata do Brasil ou da Suécia, por ex.






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