Os resultados dos exames nacionais, vulgarmente conhecidos como "ranking das escolas" (Sol, b,i. nº151, 3/2/2018), relativos a 2017, foram recentemente publicados. São um instrumento de trabalho (1) de que o sector de educação dispõe para melhorar
a qualidade de ensino. Assim, devia servir para todas as análises que se
pretendesse fazer sobre o rendimento escolar. Mas em vez disso, a sua publicação (2) continua a ser objecto de
controvérsia, talvez porque continua a haver quem prefere esconder os
resultados por motivos ideológicos, não quer ver a realidade nem se interessa
com a liberdade dos cidadãos para poderem fazer as escolhas educativas dos
filhos.
A escola é o futuro e tudo o que possamos saber acerca dela, positivo e
negativo, é preferível a vivermos numa nebulosa de indiferenciação e
irresponsabilidade.
A avaliação escolar, em todos os níveis, é um dos critérios de
qualidade das escolas, que, como em qualquer organização, deve fazer parte da sua gestão. (3) Por isso, a discussão entre escola estatais (3) e privadas, em relação a este assunto, é completamente inútil. O
ranking deveria existir mesmo que todas as escola fossem estatais ou todas
fossem privadas, com contratos de associação, ipss ou cooperativas.
A situação actual, relativamente aos resultados dos exames nacionais, tem vindo a
mostrar, entre outras reflexões, o seguinte:
- As escolas privadas obtêm melhores resultados do que as escolas estatais.
- As escolas estatais melhoraram os resultados em relação ao passado - menos
escolas com médias negativas nos exames.
Esta é uma situação de assinalar porque os rankings têm esta função:
fazer com que a partir de uma situação desfavorável seja possível
efectuar melhorias nos processos de ensino-aprendizagem que se traduzam em
melhorias nos resultados.
- Algumas escolas estatais que sofreram intervenções de requalificação das
suas instalações obtiveram melhores resultados.
- O abandono escolar dos alunos do
ensino profissional está a aumentar.
- Há um factor que tende a ser ignorado e que não sabemos qual o peso que
pode desempenhar nos resultados dos exames: o factor "explicações", uma autêntica
instituição educativa que os pais pagam em duplicado (pelos impostos e pelas mensalidades).
- Numa classificação haverá sempre primeiro e último. O problema é a divergência
dos resultados negativos em relação à
média e este podia ser o principal objectivo das melhorias a introduzir: conseguir resultados positivos
- Contribuição para a regulação do sistema educativo relativamente ao ingresso no ensino superior. A
divergência entre resultados internos e externos mostram bem a possibilidade de
inflacionar as notas internas e a distorção e injustiça relativamente ao acesso
ao ensino superior. Os resultados externos são uma boa maneira de avaliar
as escolas quando as divergências são muito grandes e sistemáticas.
- A classificação no ranking não significa que não haja bons alunos do ponto de vista do rendimento académico em escolas do final do ranking e maus alunos em escolas
bem colocadas. Os resultados conhecidos podem levar a melhorias que venham a
beneficiar, em especial, os alunos com mais dificuldades. (4)
- Os resultados nos exames em forma de ranking de escolas,
só faz sentido se estivermos a falar da classificação das escolas resultante
dos exames nacionais. Há outras dimensões educativas das escolas: o
ensino tecnológico e profissional, os projectos de currículos alternativos, as modalidades de
apoio a alunos com deficiências, as escolas profissionais de artes, de música,
etc..
- A auto-estima de pertencer a uma escola com bons resultados, a uma turma
com bons resultados, ou a uma escola que faz progressos é ela própria garantia
de que os alunos se sentem mais confiantes. Não há nada melhor para o sucesso
do que o próprio sucesso. Ganhar é
sempre estimulante mas, por outro lado, perder não deixa de ser desafiante.
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(1) Os resultados não são uma fotografia do que são e do que se passa nas escolas. O sistema de ensino é muito mais rico e interessante do que as estatísticas, quaisquer que elas sejam. Isto não justifica que o sr. ministro da educação desvalorize os rankings, aliás, o sr. ministro desvaloriza as avaliações e os os exames, tal como o 1º ministro (“tal como um raio x não cura um doente também um exame não faz a aprendizagem dos alunos”). Mas o que será que ele valoriza, do que é que o sr. ministro é "adepto" na educação? Podia ao menos reconhecer que há todo um trabalho anterior, inclusive a introdução de exames, que tem tido como consequência a melhoria dos resultados escolares em provas nacionais ou internacionais (PISA, TIMSS), onde os rankings também existem.
(2) Sempre defendi a transparência e a divulgação pública de avaliações, rankings, classificação dos
resultados dos exames, com os nomes das respectivas escolas (escola pública explicações privadas, resultados escolares e cultura, a difícil tarefa de organizar turmas, motivação de sucesso o melhor prémio ).
A sua divulgação pública por parte do ministério da educação só pecou por tardia e, passados dezassete anos sobre o início desta prática, em 2001, é anacrónico e sem sentido, discutir se devem ou não ser publicados rankings dos resultados dos exames. Devia desde sempre ser publicamente acessível para que todos os interventores da educação tivessem conhecimento da situação relativa de cada estabelecimento de ensino de forma a poderem ser estabelecidos planos e projectos de melhoria, de forma a que os pais pudessem saber qual a escola onde deviam colocar os seus filhos, os contribuintes pudessem saber como é aplicado o dinheiro dos seus impostos, ou, no caso dos privados, também o pagamento das suas mensalidades.
A sua divulgação pública por parte do ministério da educação só pecou por tardia e, passados dezassete anos sobre o início desta prática, em 2001, é anacrónico e sem sentido, discutir se devem ou não ser publicados rankings dos resultados dos exames. Devia desde sempre ser publicamente acessível para que todos os interventores da educação tivessem conhecimento da situação relativa de cada estabelecimento de ensino de forma a poderem ser estabelecidos planos e projectos de melhoria, de forma a que os pais pudessem saber qual a escola onde deviam colocar os seus filhos, os contribuintes pudessem saber como é aplicado o dinheiro dos seus impostos, ou, no caso dos privados, também o pagamento das suas mensalidades.
(3) Pública não é nem mais nem menos do que estatal. Todas as escolas são públicas, apenas diferem na gestão: o estado e ou uma entidade privada ou do
sector social. O contributo para educação das futuras gerações deve-se, por isso,
à concorrência destes sectores e à convergência para os mesmos objectivos:
formar cidadãos responsáveis, participativos, cumpridores dos deveres de
cidadania, com elevados princípios éticos e morais.
(4) Participei, como representante dos SPO, com professores e representantes dos
pais, em muitas dezenas de conselhos pedagógicos. Muitas destas reuniões, chatas e compridas, dedicadas à
avaliação, eram, no entanto, fundamentais para se poder progredir em relação aos resultados
dos alunos e à qualidade da educação. Havia real preocupação com os níveis
positivos e negativos obtidos pelos
alunos, queríamos saber as causas de isso estar a acontecer, ficávamos orgulhosos
quando os resultados eram, comparativamente, melhores do que noutras escolas ou do que a média nacional.
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