As famílias ao longo das várias gerações confrontam-se sempre com o problema
da educação dos filhos 1, procurando conseguir
uma vida psicologicamente equilibrada num
contexto de bem-estar.
A questão é particularmente importante quando as crianças são desobedientes
e indisciplinadas e, ao contrário de
pensar que a autoridade é um dom da natureza, um talento particular, e que não há
nada a fazer, o
pedagogo ucraniano Anton Makarenko 2 defende que a autoridade pode ser organizada em cada família. 3
O problema é que os pais organizam esta autoridade em bases erradas.
Podemos resumir alguns desses tipos errados de
autoridade:
A autoridade opressiva, é a espécie de autoridade mais terrível . O
pai manifesta toda a sua cólera por qualquer coisa, mesmo sem importância, anula
o papel da mãe, leva as crianças a afastarem-se, fomenta a mentira infantil, a
cobardia e a crueldade.
A autoridade distante mantém as criança à distância e interage o
menos possível, as ordens são transmitidas pela mãe que funciona como intermediária.
A autoridade vaidosa ou arrogante,
os pais consideram-se as pessoas mais importantes da sociedade e transmitem aos filhos esta ideia arrogante.
A autoridade pedante. Uma
ordem transforma-se em lei. As crianças não podem perceber que o papá se
enganou e que não tem firmeza. Mesmo que esteja errado mantém o que disse….
A autoridade racional. Neste caso os pais enchem a vida da
criança de sermões, de conversas edificantes e discursos enjoativos…
A autoridade afectuosa é uma forma de autoridade muito difundida
mas
errada e perigosa. As palavras de ternura, os beijos, as carícias, os
testemunhos de afecto chovem literalmente sobre a criança. Esta autoridade pode fazer egoístas, hipócritas e mentirosos.
E muitas vezes as primeiras vítimas deste egoísmo são os pais.
A autoridade afável. Neste caso a obediência depende das concessões, doçura, bondade dos pais. O pai e
a mãe são o anjo bom. Uns pais de ouro. Temem toda a espécie de conflito,
preferem a paz do lar, prontos a qualquer sacrifício desde que tudo vá bem. Nesta
família as crianças começam muito cedo a mandar nos pais.
A autoridade amigável. Para os pais os filhos são os seus amigos. Claro que os pais são amigos dos
filhos mas devem continuar a manter a autoridade educativa. Se esta amizade
for levada ao extremo, são as crianças que começam a educar os pais.
A autoridade corrupta é
a forma mais imoral de autoridade, aquela onde a obediência se compra pura e
simplesmente com prendas e promessas...
Esta atitude não se pode confundir com as formas de encorajamento, prémios
por realizarem uma actividade realmente difícil, para recompensar bons estudos
mas não quando se trata de cumprirem o seu dever como no trabalho escolar,
p.ex.
Em geral, a educação será errada quando os pais não se preocupam em adquirir
qualquer espécie de autoridade... Um dia punem o filho por um aspecto sem
importância, no dia seguinte fazem-lhe uma declaração amorosa, a seguir punem
de novo...
Também é errado o pai optar por um tipo de autoridade e a mãe por outro. Os
filhos neste caso aprendem a ser diplomatas e a andar com rodeios entre o pai e
a mãe.
Também acontece que há pais que não têm
qualquer atenção aos filhos e apenas pensam na sua tranquilidade.
Para Makarenko a verdadeira autoridade dos pais numa família deve basear-se, em primeiro lugar, na sua condição de cidadania, de pai e de ajuda e, em segundo lugar, na responsabilidade porque respondem pelos filhos face à sociedade e, por outro lado, essa responsabilidade é também exigida aos filhos.
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1 Pais com autoridade. Baumrind definiu vários estilos parentais.
2 Anton Makarenko, Oeuvres en trois volumes, Le livre des parents - Articles sur l'éducation - III, Ed. du Progrès, Moscou (“O livro dos pais - Artigos sobre a educação”). No artigo "Sobre autoridade dos pais" (p. 369-378) descreve vários tipos de autoridade parental e coloca a questão sobre a verdadeira autoridade dos pais e como se organiza.
3 Após a chamada revolução de Outubro, na Rússia, Makarenko refere "família soviética". O que é interessante é que a educação dos filhos e o bem-estar da família é idêntico em qualquer parte do mundo e tem extraordinária actualidade.
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1 Pais com autoridade. Baumrind definiu vários estilos parentais.
2 Anton Makarenko, Oeuvres en trois volumes, Le livre des parents - Articles sur l'éducation - III, Ed. du Progrès, Moscou (“O livro dos pais - Artigos sobre a educação”). No artigo "Sobre autoridade dos pais" (p. 369-378) descreve vários tipos de autoridade parental e coloca a questão sobre a verdadeira autoridade dos pais e como se organiza.
3 Após a chamada revolução de Outubro, na Rússia, Makarenko refere "família soviética". O que é interessante é que a educação dos filhos e o bem-estar da família é idêntico em qualquer parte do mundo e tem extraordinária actualidade.
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