01/03/17

"Outro dia de sol"

"Another day of sun" -  Justin Hurwitz/Benj Pasek and Justin Paul

Um dos musicais de sempre é, sem dúvida, Sound of Music (1965). A tradução por "Música no Coração" parece-me feliz porque é disso mesmo que se trata: a música está sempre no coração.
A lista de musicais é grande e dela fazem parte filmes que também foram importantes enquanto espectador. Reminiscências de Joselito e Marisol ...
“Outro dia de sol” é um dos temas de La La Land, musical de 2016, que já obteve vários prémios. O musical foi notícia pelos prémios e também por ter originado uma excepcional gafe nessa feira das vaidades chamada "noite dos óscares" onde a passadeira vermelha a mostra, a vaidade, em todo o seu esplendor e mostra ainda como a vanglória e a vã glória andam muito aproximadas.
Apesar disso, mais uma vez a música esteve em destaque e isso é relevante porque, sem dúvida, a música acompanha a nossa vida.
Podemos não ter a sorte de José Cid que “nasceu prà música” mas certamente todos temos esse grande privilégio de viajarmos nesta vida acompanhados pela música. Desde as canções de embalar que acalmam e induzem o sono, até às mais estridentes que no-lo tiram.
A música esteve e está em momentos determinantes da nossa vida, na educação, no namoro, nas crises positivas e negativas da vida, nas situações convencionais  e informais. Acompanhou todos esses momentos de fortes emoções.

A música é ainda uma terapia eficaz em muitas ocasiões. Não há dúvida de que a música tem uma influência positiva na saúde em geral.
A importância da música na saúde vem desde sempre. Os filósofos gregos como Platão e Aristóteles referiram-se a ela. Platão dizia que “a música é o grande remédio da alma” e Aristóteles que “as pessoas que sofrem emoções descontroladas, depois de ouvirem melodias que elevam a alma ao êxtase, regressam ao seu estado normal, como se tivessem experimentado um tratamento médico.”
Mas foi nos últimos 50 anos que os cientistas se dedicaram ao estudo sobre os efeitos da música na saúde.
Daniel Levitin refere-se aos "mecanismos neuroquímicos da música com efeitos em quatro áreas da vida humana: temperamento, stresse, imunidade e interacções sociais."
Para Armando Sena, "as alterações decorrentes da música são sobretudo a nível hormonal e de marcadores inflamatórios que se relacionam com o stresse, que alteram o sistema nervoso simpático e parassimpático. Estudos têm demonstrado que a música pode diminuir esses marcadores, já que favorece a resistência ao stresse."
A música reduz o stresse e a ansiedade (Equipa de cirurgia cardiotoráxica do Hospital Universitário de Orebo, na Suécia e outra equipa de investigadores), pode ajudar a prevenir a depressão, tem a capacidade de controlar os batimentos cardíacos e diminui a pressão arterial. (Uma Gupt)
A música pode ainda ajudar a controlar e a reduzir os níveis de dor. (Equipa de investigadores de Almeria, Granada e da Andaluzia  e também de Taiwan)
Tem efeitos benéficos no cérebro: Nos estudos realizados, a música e o canto melhoravam a memória e consequentemente tinham impacto positivo na aprendizagem. (Karen Ludke, Fernanda Ferreira e Katie Overy)
A música ajuda o cérebro a libertar a dopamina, um neurotransmissor estimulante do sistema nervoso, e dessa forma pode prevenir doenças como Parkinson.
Durante o envelhecimento ajuda a manter a saúde física e mental: melhora a disposição, a memória, o sentido de orientação e a coordenação motora geral.
Tem efeitos no sistema imunitário uma vez que a música tem potencial para aumentar a resistência e resposta do sistema imunitário face a diversas doenças. *
Mas o que todos já sabíamos é que mesmo no dia mais nublado, com música, é sempre “outro dia de sol".
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*A segunda parte do texto foi baseada no artigo “A música faz (mesmo ) bem à saúde?”, Lusíadas, nº 6, Inverno, 2016.

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