02/12/14

Ética, moral e justiça

 

A ética é a ciência dos princípios da moral. A moral designa a aplicação desses princípios nos actos particulares da vida.
A moral é a ciência do bem e da acção humana.
“Hoje em dia a moral apresenta-se mais particularmente como uma teoria das relações com outrem uma filosofia da “comunicação” (M. Buber, E. Levinas): é na relação imediata com o rosto do outro que o homem faz originariamente a experiência dos valores morais (por exemplo, captar o olhar do outro é compreender que não o podemos constranger)”. (Larousse)

A ética e a moral andam juntas em toda a nossa vida. E é pela interacção das duas que podemos pautar os nossos comportamentos. A interacção entre a ética e a moral podem originar conflitos e por isso é necessário optar pela melhor decisão.
Um dos conflitos diz respeito ao relativismo cultural. O conceito de moral varia de acordo com as culturas e o período sócio-histórico? Então até onde pode ser aceitável o relativismo cultural? Há aspectos culturais que são aceitáveis mas “podemos aceitar estes aspectos sem aceitar toda a teoria" (J. Rachels) do relativismo cultural.
Por outro lado, o juízo moral depende do desenvolvimento do ser humano não sendo a mesma coisa para uma criança, adolescente ou adulto.
Acontece que muitos adultos têm juízo moral infantil. Não vão além do “bom rapaz, da boa rapariga”. Ou do “porreiro, pá”.
Recentemente foi notícia o facto de alguns trabalhadores da Câmara da Póvoa de Varzim, terem encontrado uns milhares de euros no lixo*, dinheiro que devolveram ao respectivo dono. O que devia ser um comportamento moral normal, foi notícia repetida em vários canais de televisão e em vários noticiários, o que pode querer dizer que não é o habitual no nosso comportamento.

Uma das áreas mais sensíveis é a da política. Haverá ética na política e nos negócios, e em particular nos negócios do estado?
Somos levados a pensar que em regra não é o que acontece. Se fosse assim, como se compreenderiam, em tantos locais do mundo, políticos metidos em negócios que revertem para beneficio próprio? Para que serviriam os offshores se houvesse ética na política e nos negócios?
Os gestores e os líderes políticos, devem ser os primeiros a agirem segundo princípios éticos. Mas todos os dias, pelas situações noticiadas, concluímos que não existe ética na política ou pelo menos em grandes sectores da política.
Todavia, não se pode aceitar uma política sem ética.
É, por isso, que a justiça, justa e independente, é indispensável para aplicar a legalidade, de forma ética, de acordo com os direitos universais do ser humano.
Política e negócios dizem respeito ao ser humano, à ética e à moral. Não deixa de ser caricato separar o comportamento ético dos dirigentes dos respectivos partidos como se isso não fosse relevante para a situação actual, principalmente quando se continua a defender os mesmos princípios, não houve um corte com o passado, ou dito de outra forma, não fizeram o luto de um tempo mentiroso e de uma actividade politica errada, que acabou por desembocar no falhanço político, à beira da bancarrota, com consequências para as pessoas: desemprego, incumprimento dos seus compromissos, as suas vidas alteradas e as expectativas frustradas.
Como dizia Sá Carneiro, a política sem risco é uma chatice e sem ética é uma vergonha.
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* Corrigido (18-12-2014)
Nos tempos que correm, é caso de admiração social e política.

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