Há dias especiais na nossa vida. Um deles é o dia de Natal que celebra o nascimento de Cristo. Na realidade, o nascimento de Cristo foi em data desconhecida, mas a decisão corresponde ao solstício de Inverno dado que essa é a ligação entre a renovação da natureza com a renovação simbólica que Cristo veio trazer.
O Natal como celebração festiva anual é para todos mas, especialmente para as crianças, é um acontecimento mágico em que todos os actos têm um significado simbólico: os presentes são como os presentes dos Reis Magos, as luzes da árvore de natal, a iluminação das ruas, a chama do madeiro, são o símbolo do Sol da nova vida; a mesa farta, pelo menos mais do que é habitual e a reunião familiar transmitem à criança as duas coisas fundamentais para o seu desenvolvimento: a alimentação e a segurança física e afectiva. A criança tem assegurado a protecção da família que lhe permite a vida e não ser abandonada.(Bruno Bettelheim)
No Natal e nos dias festivos a criança torna-se centro das atenções de toda a família e comunidade.
A criança acredita nas figuras concretas do Natal, como o Pai Natal ou o Menino Jesus. Naturalmente, há-de chegar o tempo em que a criança percebe que não existem essas figuras concretas a oferecerem presentes, embora possa continuar a fingir que acredita.
O pensamento mágico domina a criança durante os primeiros anos de vida. Entre os 2 e os 7 anos, para este tipo de pensamento, nada é impossível, podem existir centenas de pais natais, pode descer pela chaminé sem se queimar, ou pode transportar tantos presentes ou ainda que saiba exactamente qual o presente para cada criança...
Claro que as épocas festivas se tornaram também épocas em que há o perigo de reduzir tudo aos bens materiais e ao consumo.
Há quem veja apenas este lado negativo e assuma a atitude paternalista de indicar ou orientar os outros de como deve fazer. Consumistas são sempre os outros.
Focamo-nos nesta abstracção de que estes dias só servem para consumir.
Obviamente cada pessoa sabe como se deve orientar nas compras, nos dias festivos ou noutras circunstâncias, e, quando não sabe, estamos perante outro problema.
Todos sabemos que não é principalmente o preço do presente que interessa mas o seu valor simbólico. Lembro-me da felicidade que sentíamos quando na manhã do dia de Natal íamos ver os presentes que os pais, pessoas normalmente pobres, podiam dar aos filhos e de que ninguém fazia questão com o valor das prendas.
É o valor emocional que tem importância. Estes objectos são símbolos de felicidade que atenuam a nossa ansiedade, insegurança e que podem dar-nos confiança para enfrentarmos o futuro.
É também por isso que os pais guardam "aquelas coisas" que os filhos oferecem quando vêm do jardim de infância e com todo o carinho do mundo nos dizem: “ fui eu que fiz para ti”.
Ou como os namorados que oferecem objectos insignificantes um ao outro.
É por isso que guardamos pedras de variadas formas e cores que os filhos nos oferecem em dias especiais quando frequentam o jardim de infância e que, para mim, são as minhas pedras preciosas.
Desejo a todos um bom Natal, com muitos presentes, caros ou baratos, pouco importa, desde que oferecidos com o coração.
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