24/06/13

Gota d' água


Casa-Museu Afonso Lopes Vieira


Tudo chega ao fim . Mais um ano escolar está prestes a acabar. 
Desta vez é também, para mim como para alguns colegas, o último ano aqui na escola. 
Foi um longo e extraordinário percurso, desde 1997, onde foi possível sentir a sorte da realização profissional. 
Tornei-me um pouco parte desta escola. E com ela fui crescendo. E como é próprio do crescimento, eliminando grandezas e vaidades pessoais e acrescentando, dia após dia, uma genuína paixão pela educação.

Para lá das circunstâncias e dos contextos das políticas educativas, compreendi que o essencial era jogado na sala de aula, na equipa de trabalho, no trabalho com os alunos e que o mais importante não vem em nenhum diploma legal de nenhum ministério. 
Fui compreendendo as minhas forças e fraquezas e as do ser humano procurando fazer com que os que comigo trabalharam vivessem um pouco mais felizes. 
Compreendi que o mais importante da escola são os alunos e justificam todo o empenho dos educadores mesmo quando os progressos são medíocres, quando o resultado é diferente do que esperamos, somos confrontados com as nossas insuficiências ou com a incompreensão de alunos e famílias. 
Nunca se pode esperar que reconheçam o trabalho e o esforço feito mas persistir é o segredo do educador.

Parece, então, que cheguei ao outono da vida. Mas se continuo a ver o mundo com a inquietação da primavera que sempre me acompanhou também é com serenidade que assisto às incertezas do presente, como a vida me ensinou.
Acima de tudo, mantém-se a vontade de não ficar insensível e indiferente às emoções humanas e de não deixar de me dedicar ao amor, compaixão e liberdade, as forças da vida.
Como a gota d’ água que faz o seu pequeno trabalho, dia após dia, e que, a seu tempo, há-de desaguar no grande oceano, assim é o trabalho da educação.

Então talvez não haja fim porque tudo se renova e a vida continua. 

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