Nos anos 50, o psicólogo Leon Festinger pesquisou sobre o comportamento das pessoas quando não há adequação entre o que pensam e o que fazem.
Chamou esta incoerência de dissonância cognitiva.
"Dois elementos são dissonantes se, por uma razão ou outra, não se ajustam entre si. Podem ser incoerentes ou contraditórios, os padrões culturais ou do grupo podem ditar que não se harmonizam e assim por diante" (L. Festinger).
Esta dissonância está presente em muitos momentos da nossa vida.
A maioria de nós tem uma avaliação positiva de si próprio, o que não está errado, mas o mesmo já não diria quando nos sentimos mais competentes e mais espertos do que os outros. Além disso, quando falhamos há sempre justificação para os nossos actos.
Por exemplo, num acidente de automóvel a culpa é sempre de alguém ou de alguma coisa menos nossa. Quando chegamos atrasados ao emprego arranjamos uma justificação: o trânsito intenso, uma dor de cabeça…
Vivemos tempos em que ouvimos tantas opiniões que entramos facilmente em dissonância cognitiva: uns dizem que pagamos a divida, outros que não há maneira de a pagarmos, outros que acham que as dívidas não se pagam, outros que é preciso mais tempo, outros que é preciso juros mais baixos, outros que é preciso credibilidade, etc.
A dissonância cognitiva pode ajudar a compreender porque não vemos que a nossa decisão foi errada.Usamos três maneiras de reduzir a dissonância cognitiva:
- mudança de comportamento,
- mudança de atitude ou convicção,
- adição de novos elementos cognitivos.
Por exemplo, eu não gosto de andar à chuva mas o facto é que se eu estou a apanhar chuva posso reduzir a dissonância cognitiva procurando um abrigo ou voltando para casa.
Posso mudar a minha atitude e passar a gostar de andar à chuva.
Ou juntar novas cognições: a chuva até é agradável, como no “singing in the rain”.
Em muitas situações, é necessário uma busca activa desses elementos cognitivos. É por isso que ouvimos Marcelo Rebelo de Sousa ou outros comentadores que todos os dias juntam elementos cognitivos ao que sabemos.
Sobre a greve dos professores, o prof. Marcelo junta uma série de elementos cognitivos para percebermos a dissonância entre o direito de uns à greve e o direito de outros a fazerem exames: “a greve é justificada mas não é justa e é contraproducente”.
Com estes elementos parece que compreendemos melhor porque é que esta greve não devia ser feita embora possa ter justificação.
E quanto menor for a justificação maior será a dissonância. O que parece ser o caso.
Outra forma de resolver a dissonância é o compromisso. Claro que o compromisso implica vontade de se comprometer com alguma coisa. E é isso que parece que está a faltar na sociedade.
Em vez disso, como precisamos de dormir e de reduzir sentimentos de ansiedade, culpa, raiva, stress e outros estados de espírito negativos, continuamos a justificar os nosso erros com as culpas dos outros, neste caso do governo, uns, e dos sindicatos, outro.
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