A cooperação dentro da escola apresenta aos alunos uma visão realista da sociedade e implica, na sua prática, a interacção na sala de aula e o exercício dos direitos e deveres enquanto alunos e cidadãos.
Mais do que um método pedagógico, a cooperação é uma característica da inteligência emocional. É uma dimensão da personalidade relacionada com o desenvolvimento dos valores: saber ouvir e respeitar o outro, partilhar saberes, entreajudar nas forças e fracassos, responsabilizar pelas atitudes e comportamentos e ganhar autonomia.
Pode traduzir-se em documentos formais como o projecto educativo de escola ou de turma mas a sua aplicação concreta faz-se todos os dias nas várias disciplinas através dos valores que são aprendidos e postos em prática na vida dos alunos: a ajuda a um colega com cadeira de rodas, a ajuda a um aluno instável ou com dificuldades de aprendizagem, a tolerância para com os comportamentos desajustados dos outros, a partilha de uma mágoa, a generosidade de professores, técnicos e funcionários em relação à obtenção dos objectivos da escola, o tempo não contabilizado para apoiar um aluno directa ou indirectaramente, a colaboração com a rede de instituições de apoio à infância e juventude, a atitude compreensiva nas relações humanas, o contributo para um ambiente menos intimidante e para uma cultura de paz e segurança…
A prática da cooperação traduz-se na modificação do comportamento na medida em que impossibilita ou dificulta o comportamento incompatível: a violência, as incivilidades, o bullying, a insegurança…
A cooperação situa-se do lado das forças de cada um e dessa forma é uma força da instituição escola, ajuda a ter uma imagem positiva de si próprio e da escola, fortalece a identidade pessoal e colectiva.
A cooperação não é oposta a competição nem exclui a competição. O “nós” não tem que apagar o “eu” e “tu” pelo contrário quando a maré sobe todos os barcos, pequenos ou grandes, novos ou velhos, bonitos ou feios, sobem com ela.
A cooperação na escola não pode ser alheia à competição na sociedade sob pena de todos estarmos a ser enganados. É mesmo necessário preparar os alunos para uma sociedade competitiva e desenvolver o espírito de liderança.
Deste modo uma atitude cooperativa/competitiva não significa rivalidade nem falta de solidariedade, não diminui a auto-estima nem aumenta o medo de falhar, a frustração e agressão.
A cooperação deve manter a integridade do Eu e manter a coerência entre os vários “módulos” do homem moderno, entre os vários “pedaços” da vida da família e da comunidade que os alunos trazem e partilham na escola. Por isso, tanto a escola como a família são igualmente responsáveis pela cooperação, competição e pela educação axiológica dos alunos.
Os pais não devem temer dizer aos filhos que podem competir nas várias áreas da vida, de uma forma saudável, e, simultaneamente, que devem cooperar com os colegas para uma vida mais feliz.
O Cristiano Ronaldo e o Lionel Messi não deixam de ser competitivos mesmo quando cooperam com a equipa para ganhar os jogos em que participam.
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