19/03/24

O dia do Pai

 Arquivo: Raffael 017.jpg 

"Sagrada Família" - Rafael (1483-1520)



Todos nós somos filhos e temos pais e muitos de nós somos pais e temos filhos. Trata-se de uma relação em que existe um porque existe o outro. Em que o crescimento de um leva ao crescimento do outro. 
É o nascimento de um filho que faz o nascimento de um pai, ou de uma mãe, e a partir daqui forma-se uma ligação que vai manter-se durante toda a vida, mesmo quando a interação deixa de existir ou quando perturbações psicológicas levam ao afastamento de um e de outro. Pode haver divórcios, o pai e a mãe podem separar-se, mas não há divórcio dos filhos...

Crescer juntos significa que o desenvolvimento, dos filhos e dos pais, se faz dentro de uma família onde se estabelece um vínculo para sempre. Nunca nos desligamos dos filhos e vice-versa, e esta relação sobrevive para além da morte.
Crescer juntos durante toda a vida é uma experiência fantástica que nos faz ver a beleza e a bondade deste mundo, de sentirmos que vale a pena o esforço e a luta de todos os dias e de nunca perder a esperança.
Mas também não devemos esquecer que crescer juntos pode ser doloroso e malsão, pode ser uma experiência terrível e traumática. Há pais que abandonam os filhos, infligem maus tratos e abusos... E também há filhos que abandonam os pais.

D. Antonino Dias, bispo da nossa Diocese, escreveu um texto muito impressivo sobre este dia que gostava de referir.

“Nestes dias em que vamos celebrar São José, o pai adotivo e amantíssimo de Jesus e, a par, celebramos o Dia do Pai, queremos recordar todos os pais que choram amargurados. 
Aqueles que choram, pesarosos, ao reconhecer que não exerceram bem a sua missão de educadores de seus filhos nem foram verdadeiros fomentadores da cultura do amor na sua família e comunidade, mas, arrependidos desta sua atitude, seguem em frente, rezando e colaborando, como agora podem, em prol dum mundo melhor. 
Mas queremos recordar, sobretudo, os pais marginalizados, os pais que vivem sem alegria, sem saúde e sem paz. Recordamos os pais que não conseguem pão para os seus filhos, que vivem sem emprego, sem casa nem condições de habitabilidade. Os pais que veem os seus filhos a morrer por doença, em guerras sem sentido ou são vítimas do vício da droga ou dos sombrios caminhos da violência e do mau viver que abraçam e os destrói.”

Mas também quando os filhos não querem saber dos pais...

“Os pais que se sentem explorados e abandonados pelos seus filhos, em casa, em lares ou hospitais, como se fossem coisas sem valor para arrumar e esquecer. Que a todos, por quem de direito e dever, seja feita justiça, com amor e respeito. Por intermédio de São José, rogamos por todos os pais, sobretudo, pelos que sofrem e choram por não se sentirem respeitados nem amados." (Pais que choram tristes e amargurados)

Por tudo isto, é urgente uma política de família, conforme prevê a nossa Constituição (Artº 67º a 71º da CRP), expressa na importância dos pais na sociedade, na protecção da paternidade e maternidade, na protecção das pessoas com deficiência e na protecção dos idosos.



Boa Páscoa.


 

Rádio Castelo Branco



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