07/03/24

Eu queria falar de amor

 

 

"E se, de repente, um desconhecido lhe oferecer flores, isso é...".
Foi na véspera do dia de namorados, passeávamos no "Passeio verde", continuo a chamar-lhe assim, quando um jovem surgindo do nada, atrás de nós, teve esse gesto simpático e inusitado: ofereceu-nos uma rosa. 
- Mas porquê? - Perguntámos.
- Porque amanhã é dia de... ?
- Namorados. - Respondemos.
- Então é por isso...


De facto, o dia de namorados é, entre nós, no dia de S. Valentim, 14 de Fevereiro, e amanhã, 8 de Março,  é o dia da mulher. 
São dias em que devíamos falar de amor, de paixão, de afecto profundo, entre seres humanos que se escolheram para uma experiência de vida em comum, e talvez menos  das nossas emoções negativas.

Mesmo que para cada um de nós namorar signifique coisas diferentes, podemos tentar uma definição consensual sobre apaixonar-se e namorar: namorar significa a relação afetiva mantida entre duas pessoas que se unem pelo desejo de estarem juntas e partilharem novas experiências. (Wikipedia)

Mas, contrariamente ao que seria de esperar, em que namorar serviria para celebrar o amor, acontece que este relacionamento amoroso é marcado, em muitos mais casos do que seria  expectável, pela violência física, sexual e psicológica. 

Segundo dados da PSP, nos últimos cinco anos foram registadas 9.923 denúncias de violência no namoro, das quais 1.363 em 2023, quer de relações de namoro em curso (916), quer de situações de violência entre ex-namorados (447).
As vítimas são “na maioria do sexo feminino e na faixa etária dos 25 aos 45 anos.”
"Injuriar, ameaçar, ofender, agredir, humilhar, perseguir ou devassar a intimidade são formas dessa violência. 
Verificam-se ainda alguns comportamentos, principalmente entre casais mais jovens, que também se traduzem em situações de violência". “Não nos parece muito natural que queiram controlar o parceiro, o que veste, com quem está… violência psicológica e física, mas a psicológica é a mais comum e é transversal a todas as idades.”, diz a PSP.

Sobre a violência doméstica o RASI (Relatório anual de segurança interna), em relação a 2022, indica-nos que houve 30488 participações de violência doméstica

Um aumento de 3968 casos ou seja 15%.

No distrito de Castelo Branco, o aumento foi de 520 para 645 o que significa um aumento de 24%, portanto, superior à média nacional.

Também sabemos que a grande maioria das vítimas são mulheres, 72,4%.

 

É, por isso, importante, nestes dias comemorativos, continuar a denunciar esta violência e, ao mesmo tempo, continuar a apostar nas medidas de prevenção. 

A começar pelo namoro porque é aí que também se tem a oportunidade de compreender mais profundamente a personalidade de  cada um, de forma a saber o que queremos para a nossa vida e começar a compreender que há coisas que não são naturais nem aceitáveis: principalmente tudo o que tem a ver com o controle do parceiro e dos comportamentos do parceiro, o controle do telemóvel, do que se veste, do que se escolhe, dos amigos... mas é uma forma de manipulação comportamental do outro que não significa amor.

 

 

 

Até para a semana.



Rádio Castelo Branco

 

 

 

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