03/12/21

Ser conservador

Frases de Edmund Burke           Frases de Edmund Burke



Muito se tem discutido, principalmente dentro de alguns partidos como o PSD e o CDS, entre ser de direita ou de esquerda, a propósito da actual crise política – a dissolução do parlamento após a reprovação do Orçamento de Estado de António Costa.

Em Portugal, temos vivido uma situação peculiar. Provavelmente ainda consequência dos excessos do 11 de Março de 75 e do enviesamento ideológico que foi feito a partir de então que não teve  ainda racional  ajustamento vindo do 25 de Novembro, cujo 46º aniversário ocorreu a semana passada.

 

Vejamos então:


1. A realidade não é o que é, mas aquela que a esquerda define e daí chega-se facilmente a  "o fascismo é quando a esquerda quiser".

Assisti a muitos "discursos" nas cantinas da cidade universitária, em que quase todos os dias havia troca de galhardetes entre estudantes uecs, leninistas, estalinistas, mrpp e outros  maoistas, lci e troskistas, tudo gente da dita esquerda que tomava a palavra. Já pontificava Louçâ que era dos mais assíduos na intervenção, e já nesse tempo, há mais de 40 anos, eles eram os mais coerentes, defendiam coerentemente as "massas" trabalhadoras, e já sabiam tudo sobre a sociedade. Aos vinte anos já tinham atingido todo o conhecimento sobre os males da sociedade e o que era necessário fazer para os remediar. 

Os ascendentes de Catarina e Mariana também já eram do bem, estrelas brilhantes num horizonte vermelho onde o povo mais ordena. 

Claro, logo a seguir à nomenclatura...   mas esta parte eles não dizem. Mas sabem, ou fingem não saber que, como todos os outros, são  estrelas cadentes desde há mais de 40  anos, ou desde que ao segundo dia de assembleia do povo, Lenine mandou fechar o parlamento russo.

 

2. A "doença infantil do comunismo" que atacou a esquerda caviar ficou curada pelo dr. Costa.  Um medicamento, um remédio chamado PODER, foi quanto bastou para ultrapassar todas as dificuldades históricas dos últimos 40 anos. Sem que nada tivesse acontecido, não mudou a mínima ideia, não fizeram declarações, não houve esboços de eurocomunismo, não fizeram congressos, não rasgaram as vestes, ninguém ficou cego ou paralítico, não houve pós-Kruschov ou pós-Gorbachov...

Talvez porque foi conseguida uma "posição comum" (o acordo das esquerdas), que não mexeu com nada de essencial, de resto mantêm-se as ideias e os comportamentos, como se pode ver com o que acontece com a intersindical.

Uma vez no poder, conseguiram superar-se em relação ao que foi a evolução de muitos partidos destes, desde  Berlinguer, em Itália, Marchais, em França, Carrilho,  em Espanha...

Mas é sempre de esperar uma recaída nesta doença, a qualquer momento. Eles sabem que o podem fazer como táctica de poder.

E fizeram: acabaram com o projecto Costa de unidade das esquerdas,  o dos do bons, que, pensava ele, não precisava da direita, os maus, para governar. 

 

3. Muitos de nós  já deram para este peditorio e o PREC foi uma vacina que gerou anticorpos para resistirem a todos os processos em curso. Provavelmente não os suficientes, como a vacina, para haver uma mudança democrática, equilibradamente robusta, para não haver medo de alguém se dizer ou optar por ser conservador. 

 

 

Até para a semana.










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