11/12/21

Direitos humanos





No dia 10 deste mês comemorou-se o dia da Declaração Universal dos Direitos Humanos, criado pela ONU em 1948. 
Passados 73 anos, que avaliação podemos fazer dos resultados obtidos desde então ?
Vejamos por exemplo, o Artigo I, da Declaração:
Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de razão e consciência e devem agir em relação umas às outras com espírito de fraternidade.

É a própria ONU que faz a avaliação: houve um aumento da desigualdade.
E “os dois últimos anos foram uma demonstração dolorosa do custo intolerável de desigualdades crescentes.” (1)
Depois de tanto tempo e de tantas experiências sociopolíticas diferentes a desigualdade aumentou...
Sem ofensa para todos os que genuinamente se têm esforçado para mudar alguma coisa, talvez seja altura de nos deixarmos de conversas da treta – “blá, blá, blá” (2) –  ao mais alto nível e nos “profissionais da representação” que se manifestam um pouco por todo o mundo.

Que direitos e dignidade pode haver se, enquanto dura esta “Opinião”, há mais de 30 pessoas que morrem de fome ?
"A organização não-governamental (ONG) Oxfam (09-07-2021) diz que 11 pessoas morrem de fome a cada minuto e que o número dos que enfrentam condições semelhantes à fome em todo o mundo aumentou seis vezes no último ano.
Refere a ONU News (08-11-2021): Existem 45 milhões de pessoas famintas em 43 países do mundo (3), um novo pico de alta, segundo o Programa Alimentar Mundial, (PMA)... antes da pandemia de Covid, em 2019, eram 27 milhões de pessoas que passavam fome. 

Não encontro argumentos para justificar a “consciência tranquila” seja de quem for: os poderosos do mundo, as organizações internacionais que eles dominam, ou as ilusões dos burocratas da ONU que apenas tecem belos discursos... 
E o mais perplexo e revoltante, é que podíamos acabar com a fome; bastava reduzir as despesas militares que globalmente aumentaram cerca de 45 mil milhões de euros durante a pandemia - um montante que excede em pelo menos seis vezes o que a ONU precisa para acabar com a fome." (sic notícias)
Números desastrosos estes, que representam pessoas, como nós, que estão em sofrimento.
Muitas vítimas da desigualdade são crianças que morrem de fome ou de outros problemas como a falta de condições de saude...
Segundo a UNICEF “Sem uma acção urgente, 56 milhões de crianças menores de cinco anos morrerão até 2030 - metade delas recém-nascidas”. (4)
Também neste aspecto, “com soluções simples como medicamentos, água limpa, eletricidade e vacinas, podemos mudar essa realidade para todas as crianças”.

Portanto, não foi a apregoada “emergência climática" que trouxe este sofrimento. Enquanto, se fazem conferências sobre a “emergência climática” há pessoas a morrer de fome. 
Gostava de ver a indignação e manifestação de todos estes “climatizados” (5)  de consciência tranquila, em especial dos jovens, que estiveram em Glasgow, na Escócia, contra as mortes devidas à fome no mundo...
A resolução do problema passa por uma questão de prioridades: a emergência é salvar vidas, agora, e, portanto, é essa a primeira prioridade.


Um Natal fraterno para todos.


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1) A alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, disse que "os dois últimos anos foram uma demonstração dolorosa do custo intolerável de desigualdades crescentes".

(2) Aprendi com as manifestações da  COP26 ...

(3) O Índice Global da Fome (GHI - Global Hunger Index) é uma ferramenta estatística multidimensional usada para descrever o estado da fome nos países. O GHI mede o progresso e retrocessos na luta global contra a fome. É atualizado uma vez por ano. (Wikipédia)

(4) Laurence Chandy, Directora de Dados, Pesquisas e Política da UNICEF. 

(5) "Climatizados" parece-me que descreve bem estes indivíduos que utilizam as últimas tecnologias da informação e comunicação, jactos privados, e energia "limpa" (para eles mas não para os outros, os d'o lado negro das energias verdes), têm sistemas de saúde e educação de qualidade...

 

 

 





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