08/10/21

Reformar e investir em educação 3


Voltamos, hoje, à “ Opinião” de 5ª feira. Obrigado a todos os que me ouvem. Vamos continuar a falar de psicologia e de educação ou melhor dos comportamentos das pessoas, da psicologia na escola e nas famílias, dos problemas do quotidiano, da política educativa e de tudo o que faz parte da vida. Sem restrições mas com responsabilidade...

No último programa, em Julho, falámos da necessidade de realizar reformas no sector de educação.
Propusemos uma reforma a partir de autores como Martin Seligman, Benjamin Spock ou David Rose...

Mas podemos encontrar os fundamentos para uma reforma educativa nos poetas, como eu penso que encontrei em Walt Whitman que nos dá uma visão muito precisa da escola para a América do seu tempo e do trabalho árduo dos professores e eu penso que é ajustada para o nosso tempo, aqui neste país.


Walt Whitman fala-nos dos alunos, e da escola (no poema Pensamentos de um velho sobre a escola", Folhas de erva, p. 354-355)

"Um velho reúne recordações da juventude e flores que a juventude,
ela mesma, não consegue reunir.
 
Hoje só eu vos conheço,
Ó belos céus da aurora, ó orvalho da manhã na erva! 
E são estes que vejo, estes olhos cintilantes,
Cheios de um significado místico, estas vidas jovens,
Que constroem, que se equipam como uma frota de navios, navios imortais,
Que em breve navegarão pelos mares sem limites,
Na viagem das almas. 
Apenas um grupo de rapazes e raparigas?
Apenas as enfadonhas lições de leitura, escrita e cálculo?
Apenas uma escola primária?
Ah, mais, muito mais.
...
E tu, América,
Fizeste uma avaliação real do teu presente?
Das luzes e das sombras do teu futuro, bom ou mau?
Presta atenção às tuas raparigas e rapazes, ao professor e à escola."
Sobre o  trabalho dos professores, WW fala-nos da grandeza e ao mesmo tempo da dureza de ensinar:

“És tu quem pretende um lugar para ensinar ou ser aqui poeta, nos Estados?

A missão é digna de respeito, as condições duras. 

Quem pretende ensinar aqui bem pode preparar-se de corpo e alma,

Bem pode explorar, ponderar, armar-se, fortificar-se, endurecer e tornar-se ágil,

Antes será certamente interrogado por mim com muitas e sérias perguntas. 

Quem és tu na verdade que queres falar ou cantar para a América?

Estudaste bem o país, os seus idiomas e os seus homens?

Aprendeste a fisiologia, a frenologia, a política, a geografia, o orgulho, a liberdade e a amizade do país? Os seus fundamentos e objectivos?

...

Conheces a fundo a Constituição federal?

Vês quem deixou todos os poemas e processos feudais para trás e adoptou os poemas e processos da Democracia?

És fiel às coisas? ensinas o que a terra e o mar, os corpos viris, a feminilidade, o instinto amoroso, os furores heroicos ensinam?

Passaste depressa pelos costumes efémeros e pelo que só é popular?

Consegues opor-te às seduções, loucuras, vertigens, lutas ferozes? és muito forte? és, na verdade de todo o  Povo?"

....  

("Na margem do azul Ontário", 12, Folhas de erva, p. 311) 

Sem dúvida, todo um programa para quem ama o seu país e tem a noção de que a educação é o cimento que faz os alicerces de um povo.

 

 

Até para a semana.









 

Sem comentários:

Enviar um comentário