05/03/21

Pensamento crítico


 Aretha Franklin - Think [1968] 


Pensar e criticar fazem parte da democracia.  Há uma canção de  Aretha Franklin - Think [1968] que diz: "...Não sou psiquiatra/ Não sou doutor com diploma/ Mas não é preciso ter muito QI/ Para ver o que estás fazendo comigo
Pensa bem (pensa)/ Pensa sobre o que estás tentando fazer comigo/ É, pensa (pensa, pensa)/ Deixa a tua mente  te levar, deixa-te ser livre... Oh! Liberdade".

É o que talvez mais falta faz neste momento. Na vida pessoal e social. Precisamos de vacinas e de saúde, precisamos de dinheiro e de abrir a economia. Precisamos de parar para pensar. Precisamos de saúde mental de que pensar é função fundamental e a crítica integra o pensamento e, socialmente, não há democracia sem crítica.
 
Há dias dizia aqui nesta rádio (programa Opinião), a propósito da crítica de profissionais de saúde, ou outros, às medidas do governo seja no contexto da pandemia ou não: 
“Criticar não é negar. Criticar é ajudar a ver melhor. Criticar é um contributo fundamental para a melhoria das instituições quer ao nível do funcionamento interno quer das respostas que são dadas aos cidadãos. Criticar não é criminoso. Pelo contrário, é uma atitude de relevo social. Criticar é contribuir para a clareza e transparência da vida social. Tanto mais que os enganos e erros das instituições têm sido evidentes e muitos, a começar pela OMS... “
 
Esta visão da importância da crítica colhe ainda mais relevo após a divulgação de uma carta aberta (Carta aberta às televisões generalistas nacionais) que outra coisa não é que a mais descarada censura, subserviente, disfarçada de vitimização, assumindo as dores do governo face à  comunicação social.
Esta vitimização epistolar destas “personalidades” vai da “ excessiva duração dos telejornais, contraproducente em termos informativos", à não aceitação do “tom agressivo, quase inquisitorial, usado em algumas entrevistas, condicionando o pensamento e as respostas dos entrevistados."  "A não aceitar o apontar incessante de culpados, os libelos acusatórios contra responsáveis do Governo e da DGS, as pseudonotícias (que só contribuem para lançar o pânico) sobre o “caos” nos hospitais, a “catástrofe”, a “rutura” sempre anunciada, com a hipotética “escolha entre quem vive e quem morre” (…)


Bem fez António Costa, o economista, no jornal ECO, ao escrever outra carta aberta (Uma carta aberta aos censores): *
"Esta é uma carta aberta aos censores que assinaram uma outra carta aberta com o objetivo de limitar a liberdade de imprensa e o escrutínio do Governo e dos outros poderes públicos.
O país vive em confinamento, o Governo recorre a medidas extremas de restrição das liberdades, já vamos no 12º estado de emergência no último ano, a Constituição está na verdade suspensa, e talvez isto explique a liberdade com que umas quantas “personalidades” de esquerda — entre os quais jornalistas (!) — exijam a censura e o ‘respeitinho’ de jornalistas e meios de comunicação social relativamente ao Governo e à forma como tem conduzido a gestão política da pandemia."
"Poderíamos ter uma de duas atitudes: Desvalorizar esta carta aberta, remetê-la para a gaveta das patetices que desaparecerão com a espuma dos dias ou, pelo contrário, levá-la muito a sério, e não deixar cair estas tentações que, no contexto em que vivemos, ganham espaço e até parecem normais nos tempos que correm. Não são. São mesmo anormais e insuportáveis."


E eu concordo com ele.

 

Até para a semana com muita saúde.

 

 ___________________

* Algumas "personalidades" com pensamento crítico:

António Costa, Uma carta aberta aos censores, Eco.
Francisco Mendes da Silva, A carta aberta do Diácono Remédios, Público.
Joana Marques, Carta aberta à carta aberta, Jornal de Notícias.
Francisco José Viegas, Amiguinhos que trocam censuras. Que pena, Blogue Origem das espécies.
Sofia Afonso Ferreira. Carta aberta aos  novos fascistasO jornal económico.










Sem comentários:

Enviar um comentário