De repente, a nossa vida ficou sujeita a um acontecimento que ninguém previu e que se transformou na primeira prioridade da vida de todas as pessoas, de todos os países, em todo mundo - a pandemia do coronavírus.
Normalmente, quando surge uma
situação inesperada, como esta, as pessoas
apresentam também comportamentos
inesperados, circulam fake news de toda
a ordem, gente a falar do que não sabe,
soluções “milagrosas” que nada têm de cientifico…
Tudo isto porque o medo do
contágio aceita qualquer explicação ou qualquer solução para o problema.
Este impacto do altamente improvável tem essencialmente três aspectos:
Em primeiro lugar, é atípico encontra-se fora das nossas expectativas normais porque nada que tenha ocorrido no passado pode apontar de forma credível para esta possibilidade.
Todos os anos morrem milhares de pessoas com o vírus da gripe. Porém, com estas características não tinha acontecido nada de semelhante.
Segundo, reveste-se de um enorme impacto. Este impacto verifica-se não só na economia mundial e de cada um dos países mas é a própria vida das pessoas, as relações entre elas, o modo de vida, as varias expressões da cultura e do desporto que ficam postas em questão e que mudam a forma de vivermos.
Terceiro, apesar do seu caracter
desgarrado, a natureza humana faz com que construamos explicações para a sua
ocorrência depois de o facto ter lugar tornando-o compreensível e previsível.
Segundo Taleb, desde o final do Pleistoceno, portanto
quando apareceram os primeiros hominídeos, há uns bons milhares de anos, que os
Cisnes Negros têm vindo a aumentar. Começou a acelerar durante a revolução
industrial, com a cada vez maior complexificação do mundo, enquanto os
acontecimentos banais, aqueles que estudamos, discutimos e tentamos prever a
partir do que lemos nos jornais, se tornaram crescentemente mais
inconsequentes.
Imagine a dificuldade do conhecimento
do mundo nas vésperas dos acontecimentos da primeira grande guerra, em 1914. Pense no atentado terrorista de 11
de Setembro de 2001. Pense no tsumami ocorrido no
Pacífico, em Dezembro de 2004 ou na crise financeira de 2007-08.
Para Taleb, “a vida é muito
estranha”. Um acontecimento raro equivale à incerteza e, por isso, é mais importante estudar os
acontecimentos raros para podermos perceber os acontecimentos mais vulgares.
Que fazer perante o problema de
saúde pública tão invulgar como o coronavírus ?
Vivemos num mundo onde a Ordem e o Caos estão cada vez mais interligados e presentes. Jordan Peterson
escreveu 12 regras para vida - Um antídoto
para o caos.
A Ordem é quando as
pessoas ao nosso redor agem de acordo com normas sociais bem definidas, comportando-se de forma previsível e cooperante. É o mundo da estrutura social, dos territórios explorados, do que nos é familiar.
O Caos é, por outro
lado, quando acontece algo de inesperado. O caos é o que acontece na sua forma
mais trágica quando de repente somos atingidos por uma doença inesperada,
perdemos o emprego ou somos traídos numa relação amorosa. A incerteza é a marca da nossa época.
Luis Rojas Marcos (Prólogo, Ansiosa-mente , Pilar Varela, 2002) diz-nos que cada era produz a sua forma típica
de patologia psicológica. No principio do século XX, a neurose obsessiva e a
histeria...
Há uns 40 anos brilhou a geração do
narcisismo, a idade do culto do individuo, às suas liberdades, ao seu corpo e a
devoção fanática ao êxito pessoal, ao dinheiro e ao consumo.
Hoje, fomos invadidos (em meu entender, não apenas a comunidade Ocidental) por um novo mal: a ansiedade.
Este acontecimento,
o coronavírus, torna-nos ansiosos como é normal. Mas a ansiedade
excessiva e persistente mantém-nos apreensivos, assustadíços, tímidos, obsessivamente
preocupados, e rouba-nos a felicidade.
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