29/02/16

Saúde: bem-estar físico, mental e social

Tenho vindo a falar, com frequência, de felicidade. Tenho pretendido que esta minha opinião, às quintas-feiras,* seja sobretudo preventiva e, por isso, o objectivo é propor atitudes e comportamentos alternativos aos desajustados que habitualmente costumamos adoptar. É, no fundo, partir da experiência pessoal, dos momentos de tristeza e das soluções que tenho encontrado para os ultrapassar, que de algum modo pretendo partilhar com os outros.
A felicidade é o contrário da depressão, é transitória e a busca da felicidade, com as nuances que o contexto de vida vai trazendo, que muda constantemente com o desenvolvimento, a idade, o envelhecimento e as mudanças contextuais, procura caminhos que serão diferenciados conforme essas mudanças.

Perante alguns acontecimentos violentos na nossa sociedade, ficamos perplexos com a complexidade do ser humano que é capaz de se matar e de matar mesmo aqueles que era etologicamente e eticamente compreensível que protegesse, como nos casos de filicídio.
Não vale a pena fazer diagnósticos apressados sobre se se trata duma perturbação depressiva ou de outra perturbação mental uma vez que nem sequer conhecemos os casos concretos para podermos falar sobre eles. No entanto, a depressão está geralmente presente.
As estatísticas sobre a depressão são pouco animadoras. Apesar de dispormos de mais recursos do que há 50 anos, tanto a nível médico como medicamentoso, apesar de se dar mais importância ao tratamento de doenças mentais e problemas psicológicos, há qualquer coisa que não corre bem e não se está a actuar de forma a ver recuar estas estatísticas.
A taxa de suicídios cresceu 60% nos últimos 50 anos. A estimativa da Organização Mundial da Saúde é que a cada 40 segundos alguém comete suicídio. 
Apesar de a maioria dos suicidas pertencer à faixa etária acima dos 60 anos, é na faixa de 15 a 29 anos que os números mais impressionam, figurando como a segunda maior causa de morte. 
Entre as principais causas que levam uma pessoa a acabar com a própria vida estão problemas como depressão, abuso de drogas e situações temporais com forte carga emocional, como o fim de um relacionamento amoroso ou a perda do emprego. 
Se alguns factores estão bem estabelecidos, tais como doença mental e abuso de substâncias, há outros como as dificuldades económicas, que em cada caso concreto têm que ser considerados, uma vez que o suicídio acontece em todos os países com economias diferentes. Assim, por 100.000 habitantes, em 2007, a taxa padronizada de suicídio era: Lituânia - 28,41, Hungria – 21.4, Eslovénia - 18,4, Finlândia - 17,59, Letónia - 17,84, Luxemburgo - 15,36, França -14, 8 ...

Há pessoas que estão bem economicamente, têm carreiras de sucesso, passaram por situações de vida complicadas mas que apenas numa determinada altura reagem mal às situações de perda. Por exemplo, quando morre um dos progenitores a reacção é mais adaptativa do que quando falece o outro.
Apesar de ser feliz no casamento e de ter uma bem sucedida carreira científica, Lewis Wolpert, que passou por um grave episódio depressivo, só conseguia pensar em suicídio. Quando, afinal, recuperou, escreveu um livro, "Tristeza maligna: a anatomia da depressão", onde ele toma consciência do estigma associado à depressão e de como era difícil obter informações confiáveis. 
A depressão não é o único factor interno da infelicidade mas é, possivelmente, o mais destrutivo e o menos controlado dos factores que germinam dentro da própria pessoa. A depressão limita ou anula a nossa felicidade e é responsável por 15% das doenças nos países desenvolvidos. A depressão aguda é a segunda causa de doença nos Estados Unidos logo a seguir à cardiopatia isqúemica A depressão é a maior causa de incapacidade do mundo. (E. Punset, El viaje a la felicidad, p. 100)
Não podemos deixar que a tristeza maligna vença esta batalha pelo que a estratégia preventiva é o melhor caminho.
"O sofrimento deixa de ser sofrimento quando encontra um sentido." (V. Frankl)
__________________________
* Rbi/Racab - Rádio de Castelo Branco.

Sem comentários:

Enviar um comentário