Foi noticiado que um individuo de quarenta anos, começou a ser julgado nesta segunda-feira por violar, assassinar e atirar o corpo de uma idosa para o interior de um caixote do lixo público.
Todos os crimes são horríveis. No entanto, poderíamos pensar que os seres humanos não seriam capazes de ultrapassar os limites da vida humana, com a agravante de as vítimas serem pessoas mais frágeis, como é o caso de crianças e idosos. Na realidade o ser humano, por ser humano, é capaz de cometer esses crimes quer agindo individualmente quer em grupo.
Por outro lado, na mesma notícia confrontamo-nos, nesta situação e em muitas outras, com comportamentos verbalmente violentos dos que querem vingar a vítima.
Compreende-se a indignação e o desejo de vingança dos familiares das vítimas e da opinião pública que, em geral, tem o sentimento de que não se faz justiça. Ficamos incomodados, em particular, nos casos de homicídio, quer porque as penas são demasiado leves, quer porque os criminosos muitas vezes têm antecedentes e continuam com padrões de comportamentos violentos, não se arrependem, não pedem desculpa, não fazem a restituição e reparação do que ainda pode ser reparado…
Tudo isso deve ser analisado, mas, na realidade, o que nos acontece é que nos fixamos “nas recordações negativas, em pensamentos negativos, frequentes e intensos sobre o passado … e estes pensamentos tornam impossível a serenidade e a paz. “ (Seligman, Felicidade autêntica, p.104)
Muitas pessoas agarram-se aos pensamentos amargos sobre o passado e isso pode levar ao caminho de vingança, de retaliação, do olho por olho…
No entanto, o perdão tem vantagens positivas ao transformar a amargura em neutralidade e até em recordações de satisfação com a vida.
O psicólogo Everett Worthington recebeu um telefonema do irmão a informar que a mãe tinha sido assassinada. A sua mãe já idosa fora espancada até à morte com uma barra de ferro e um bastão de basebol. Não vou referir mais pormenores.
Após o assassinato de sua mãe, interessou-se pelo estudo da relação entre o perdão e outras virtudes, tais como justiça, misericórdia, humildade e auto-controle.
Para Everett, o "perdão emocional" substitui as emoções negativas por sentimentos positivos como a compaixão e empatia. O perdão emocional também nos impede de ruminar sobre o mal que nos foi feito, ruminação que pode ser prejudicial e desenvolver problemas de saúde mental, incluindo perturbação obsessivo-compulsiva, ansiedade e depressão.
Everett desenvolveu um programa de cinco etapas chamado REACH que são as iniciais de recordação, empatia, altruísmo , comprometer-se e sustentar o perdão:
- recordar a dor que nos foi causada da forma mais objectiva possível;
- tentar compreender o ponto de vista do criminoso e porque é que essa pessoa nos magoou;
- pensar sobre alguma vez em que tenhamos sido perdoados por algo que fizemos errado;
-comprometer-se consigo próprio e perdoar publicamente;
- perdoar não significa apagar a dor, mas lembrar-se de que fizemos a escolha de perdoar.
Perdoar é um processo psicológico difícil de conseguir mas, tal como foi testado neste programa, tem resultados positivos para a nossa vida, a nível físico e psicológico.
Perdoar, como dizia Gandhi, é característica dos fortes.
Perdoar, como dizia Gandhi, é característica dos fortes.
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