A alegria, uma das cinco emoções básicas (E. Berne), é contagiante e aumenta quando compartilhada. "Quando estamos contentes, passamos esse contentamento para os outros em todos os momentos de nossa vida. É uma a dimensão espiritual da felicidade, que nos leva a compreender o nosso valor intrínseco e o papel que nos cabe neste universo. Portanto, ao aceitarmos a alegria, tomamos a decisão de "seguir com o fluxo" de sermos gratos pela vida e por todos os desafios e oportunidades que ela nos traz… (Osho)
Periodicamente, temos no calendário festas como o carnaval, supostamente um tempo de divertimento e alegria. E, estranhamente, ou talvez não, à mistura com a alegria vêm os excessos comportamentais que normalmente desembocam em violência. Como vemos/lemos na comunicação social, é, aliás, nestes acontecimentos festivos, desportivos, musicais, que há quem acabe por viver esses momentos com violência.
Não são diferentes, no entanto, de qualquer outro projecto humano: onde quer que estejam presentes as emoções que se encontram no nosso cérebro mais antigo, o cérebro reptiliano (Punset, p. 68).
Como sabemos, no campo das emoções, podemos ser facilmente presas de condicionamentos e reacções inconscientes ao medo, contaminando, assim, a multidão de comportamentos aparentemente racionais (p. 90)
As emoções, tomam caminhos muito directos quando se trata de comportamentos aditivos - tabaco, bebida, droga - mas percorrem um caminho mais tortuoso quando se trata das advertências “não fumes”, "não te drogues”, “não bebas demasiado" (p. 91).
De facto respondemos de forma automática quando tomamos decisões; e isto é difícil de reprimir, porque as emoções podem estar programadas com uma carga negativa que podem ser o resultado de emoções específicas da infância
As emoções são incontroláveis mas não podemos dizer que são irracionais e imprevisíveis. Elas estão ligadas à nossa mente cognitiva e participam das nossas decisões, outra coisa é a impossibilidade de evitar as emoções, a dificuldade de as controlar e de as reprogramar conscientemente (p.91-92). A dificuldade está em gerir a vida emocional, às vezes autêntico vendaval emocional.
“A felicidade é transitória e efémera, pelo que o primeiro a chegar à meta da infelicidade será aquele que pretende ser feliz continuamente.”(p. 101)
Sempre, em todas as sociedades, houve quem quisesse organizar a felicidade através dos mais diversos eventos: o carnaval * e todo o tipo de festas e festivais, onde se procura que as pessoas sejam felizes, seja a que preço for.
Estes atalhos para a felicidade (cap. 7, p. 201 e seg.) fazem-nos pensar que os factores determinantes da felicidade são as causas externas. Mas está claro que há muitos factores internos que levam a desbaratar a felicidade, como o medo, não aceitar o carácter efémero da felicidade, preconceitos enraizados que distorcem a realidade, a perda de controlo, os fluxos hormonais…
A felicidade e a alegria podem, afinal não estar nestes momentos organizados e, a nossa capacidade de resistência ao stress e às circunstancias desfavoráveis da vida tornar mais difícil a nossa capacidade de adaptação e entrarmos na espiral descendente de tristeza, fadiga e apatia. (Alex Korb).
Convém não esquecer que a felicidade é uma emoção transitória e que em grande parte depende de nós próprios.
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* A este propósito, muito interessante e contra a corrente, pelo menos de algum poder pródigo autárquico, o Editorial de Clara F. Alves, Expresso, «Pluma Caprichosa» - «Carnavais» - "A tradição da alegria obrigatória só contribui para a melancolia pecuniária. E não, o carnaval não é um direito dos trabalhadores".
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