A comunicação social tem vindo a dar conhecimento de vários suicídios que, tanto quanto se sabe, resultam de depressão. Ou então nós próprios conhecemos essas situações, na nossa própria família ou através dos nossos amigos.
De facto, a depressão é a grande ameaça à nossa vida.
A depressão muda a anatomia do nosso corpo. Uma situação de stress repetida, inclusive imaginada, muda ou pode mudar o volume do nosso cérebro, do hipocampo, em mais de 10%.
Isso não ocorre por culpa da idade mas por causa da depressão que é uma doença que não se caracteriza por valores relacionados com a inteligência ou criatividade mas com a tristeza, uma profunda tristeza.
Segundo o Manual de Diagnóstico e Estatística (DSM IV), a depressão é uma perturbação que apresenta determinados critérios para diagnóstico (pág. 356)
Mas, resumidamente, podemos dizer que a a depressão tem sintomas facilmente reconhecíveis: Tristeza, insónia, dificuldade para se concentrar, pouca vontade de fazer coisas e ideia suicidas.
Mas onde acaba a tristeza e começa a depressão ? Provavelmente, o melhor é consultar o médico, a fim de efectuar um diagnóstico porque a depressão é uma doença como qualquer outra: esta é a dura realidade.
Segundo Peter Kramer, parece que a depressão é 30 a 40 % genética e 60 % depende do meio.
Estudos recentes (ex.: Y. Sheline) informam-nos sobre alterações em determinadas áreas do cérebro como o hipocampo que tem um a função de regulação do stress e o stress está intimamente ligado a depressão.
Também o córtex prefrontal implicado nas emoções e nos processo cognitivos também está afectado. As células diminuindo a actividade deixam de funcionar correctamente.
A um cérebro deprimido sucede o mesmo que a uma pessoa deprimida: torna-se mais vulnerável aos factores externos.
Uma depressão também afecta outros órgãos: os ossos, o sangue e o sistema vascular ... é uma doença que afecta todos os órgão do corpo: é uma doença multissistémica.
O que parece acontecer na nossa sociedade é que há a ideia de que não é uma coisa grave e que a depressão afecta sobretudo o estado de ânimo ou que é um estado de ânimo. Ora, como se disse, é uma doença multissistémica e afecta diferentes órgãos e estruturas cerebrais. É uma doença para levar muito a sério.
Podemos perguntar se há outros processo químicos cerebrais que possam contrapor-se aos efeitos devastadores da depressão.
Peter Kramer refere que o amor salva muita gente da doença mental, o amor é uma forma de bem-estar para muita gente e é extremamente protector.
Às vezes, diz, vejo que alguns dos meus doentes se salvam porque adoptam um cão e se sentem verdadeiramente realizados com o início de uma relação com uma mascote, ou quando começam um romance com outra pessoa.
As relações afectivas podem ser, portanto, um factor positivo no tratamento da doença mas o contrário também é verdade e devemos estar atentos porque não suportamos muito bem um abandono e uma perda humilhante que causam stress e conduzem à depressão.
Mas, o amor pode, de facto, salvar da depressão.
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Nota 1: Este texto é baseado em E. Punset, El alma está en el Cerebro, cap. XV, "La gran amenaza: la depresión", pag. 377.
Nota 2: Sobre o assunto, em especial sobre a depressão infantil, ver aqui.
Nota 2: Sobre o assunto, em especial sobre a depressão infantil, ver aqui.
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