11/04/14

"Pais razoavelmente bons"

Aspidistra elatior (Daqui)

Educar não é assim tão fácil. Winnicott coloca esta questão: O que é penoso na educação ? Os pais podem sentir-se culpados porque descobrem sentimentos que não são só de amor em relação a crianças pequenas. No entanto, estes pais e mães estão seguros do seu amor para com a criança mas não têm receio de falar do lado mau do quotidiano.
"Sem sentimento de culpa nem ambivalência, nenhuma mãe seria sensível às necessidades do filho." Efectivamente o desenvolvimento de uma criança coloca muitos problemas aos pais e educadores. É esse quotidiano bom e mau que  se mostra em "Não há famílias perfeitas".
Somos confrontados com aos seus comportamentos e atitudes durante o seu desenvolvimento. Uma das primeiras coisa que acontecem é a confusão que há em casa quando temos filhos. É óbvio que a casa não pode ter a mesma arrumação como se vivêssemos sem eles
Somos confrontados com comportamentos, como o ciume e as birras, que fazem parte do desenvolvimento normal de uma criança.
Neste caso, as crianças que manifestam este comportamento estão a querer dizer “eu tenho a melhor mãe que tu também queres”, mostrar o amor que tem à mãe e o seu sentimento de posse em relação ao objecto de amor.
O desenvolvimento de um bebé acontece quer a gente queira quer não. E também acontece que não há duas crianças iguais umas dão mais trabalho do que outras uma são pouco activas e outras proactivas. O desenvolvimento tem estas crises normais.
Depois  o ambiente continua a diferenciação que existe em relação à própria criança - o outro, ou seja, cada elemento da família e que vão mostrar àquele bebé uma casa, uma família diferente de todas as outras.
Face a estes problemas normais, os pais devem ser “…razoavelmente bons. Os pais razoavelmente bons podem ser utilizados pelos bebés e pelas crianças pequenas e razoavelmente bons quer dizer nós. Para sermos consistentes, portanto previsíveis para os nossos filhos temos de ser nós próprios. Se formos nós próprios os nosso filhos poderão vir a conhecer-nos se estivermos a representar um papel, seremos certamente descobertos quando formos apanhados sem maquilhagem.” (Pag 137). 

Estamos em período de férias escolares. Alguns pais também aproveitam para fazer uns dias de férias ou apenas de descanso. Cada um sabe como deve ocupar bem este tempo. Mas quanto a mim, é sempre um tempo de interacção consistente e previsível com os filhos.
Fundamental é construir a confiança. "Há qualquer coisa a respeito de ter um bebé (mesmo na preparação para a adopção de um bebé) que altera os pais. Ficam orientados para esta tarefa especial. Como queria dar um nome a isto chamei-lhe «preocupação maternal primária».
Esta orientação para as necessidades do bebé depende de muitas coisas, uma das quais é o facto de a mãe e o pai carregarem memórias escondidas  de terem sido eles próprios bebés e de alguém ter tomado conta deles em termos de confiança, de protecção da imprevisibilidade e de oportunidade para prosseguir o assunto altamente individual que é o crescimento pessoal."
Os pais não são especialistas do desenvolvimento, mas só eles têm as competências indispensáveis ao crescimento do bebé. O crescimento depende então destes cuidados primários prestados pelos pais.
Como acontece com esta magnífica planta.
"Acontecem muitas coisas nos interstícios escuros da sua aspidistra, se tiver uma, embora possa ser completamente ignorante em biologia; contudo, pode ser famosa na rua onde mora graças à sua aspidistra e às suas folhas verdes e limpas, sem pontas castanhas." (pag 142)
Então, educar, talvez não seja assim tão difícil.


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