04/01/14

Tróicas há muitas...


Procuro vislumbrar as alternativas para a austeridade e encontrar um programa que lhe ponha fim imediato. Procuro enxergar alternativas para a maldita palavra e para o orçamento inútil que a traduz. 

Não são certamente as tróicas perigosas que o farão:

Ao contrário, há outras tróicas "virtuosas" que têm a solução: a tróica Félix-Leite-Ferreira, Carlos-Nogueira-Avoila, Pereira (P)-Soares-Matias, Sócrates-Costa-Pereira (S)...
Há soluções mas não as dizem.. Cheguei a ter esperança quando, ontem, no habitual comentário (TVI), Ferreira Leite disse que havia uma solução ... mas, logo a seguir, acrescentou "que não ia dizer".

Pelo menos o autor de "austeridade - uma ideia perigosa", apresenta uma alternativa: 
"Como alternativa, o autor da investigação defende a "repressão financeira" assim como um esforço renovado na coleta de impostos "sobre os mais ganhadores", a nível mundial, assim como a procura de riqueza que se encontra "escondida em offshores" e que os Estados "sabem" onde está.
"Na verdade, um novo estudo da Tax Justice Network calcula que haja 32 mil biliões de dólares, que é mais duas vezes o total da dívida nacional dos Estados Unidos, escondidos em offshores, sem pagar impostos" (página 358), conclui Mark Blyth no livro "Austeridade - A história de uma ideia perigosa." 

A sério, vale a pena, talvez, regressar à encruzilhada do passado, para encontrarmos o caminho do futuro.
A questão é: poderá haver prosperidade sem crescimento ? Crescimento significa sempre prosperidade ? Para haver prosperidade tem que haver crescimento ?
"Depois do desastre não tem faltado quem pregue sobre ele. Mas há muito que vinham sendo lançados alertas sobre a (in)viabilidade do sistema económico e financeiro em que a nossa euforia assentava ... e não só económica e financeira, também ambiental e eco-social. É desses avisos antigos que convém tirar agora a lição tardia - uma lição que anda toda em redor da palavra 'sustentabilidade'.
O crédito de alto risco era insustentável. O sistema financeiro que dançou nesse arame era insustentável. A pressão crescente sobre os recursos naturais era insustentável. A omissão eterna da fome e da pobreza era insustentável. O modelo de consumo que todas estas insustentabilidades alimentavam era - e é- insustentável." (Luísa Schmidt, Prosperidade sem crescimento? Expresso,30 de Outubro de 2010).

A discussão sobre o crescimento sustentável e sobre o decrescimento sereno, não pode ser ignorada pelas tróicas de todos os quadrantes, principalmente pelas que se auto-avaliam como virtuosas.
(Ver também: Tim Jackson, Prosperity without growth? The transition to a sustainable economy; Less is more;  Harald Welzer ).

Não deixa de ser patético ouvir quem nos meteu no desastre pregar sobre a solução que, normalmente, passa pelo crescimento mas sem dizer como se faz de forma diferente da que está a ser feita.

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