26/12/12

Educação: balanço em tempo de dificuldades




O desempenho do ME merece nota suficiente. Depois daquilo que aconteceu nos últimos anos não seria muito difícil mas tendo em conta o contexto de dificuldades tem sido positivo o esforço que se tem vindo a fazer na educação.
O fim de algumas medidas, que eram simplesmente burocráticas ou até antipedagógicas tem sido concretizado, como aconteceu, por exemplo, nas seguintes:
- plano individual de trabalho (PIT),
- aulas de substituição ,
- planos de recuperação,
- áreas curriculares não disciplinares (mantém-se apoio ao estudo para os alunos que precisam)…
A actuação do sistema de educação parece-me que se pode resumir no seguinte: sempre que o ME tenta fazer diferente do anterior geralmente acerta mais e merece mais a concordância do que quando dá continuidade a medidas anteriores, como é o caso da extinção de escolas de pequena dimensão ou da avaliação de desempenho dos professores.
Por outro lado, há medidas que não entendo: como a revisão da constituição do Conselho Pedagógico, de onde saem praticamente todos os elementos que não sejam professores ou alguns técnicos. Acho completamente errado tirar os pais do Conselho Pedagógico. Não se vislumbra uma única razão para isso. Porquê ? Os pais não sabem pedagogia ?
Pois eu acho que não só os pais deviam continuar como devia haver um representante dos assistentes operacionais. A escola e a pedagogia existem para além da porta da sala de aula. E de que maneira !
Também não entendo o fim dos exames a nível de escola. O ministério vive entre o oito ou o oitenta. Mas há situações de alunos que não são nem uma coisa nem outra.
A adopção da escolaridade até aos 18 anos, ou final do ensino secundário, implicava perguntar "quanto custa". Não se fez na devida altura e agora está aí a factura. Outra pergunta que se deveria ter feito (e que eu aqui tenho feito), era o que vai acontecer aos alunos que não têm sucesso ? O que se faz aos alunos com NEE ?
Alguns em nome de uma falsa equidade acham que não há nada a fazer e todos deviam seguir para os cursos científico-humanísticos do secundário .. .
Mas quem está no terreno e que realmente trabalha todos os dias com estes alunos sabe que não é assim.
Este ministério veio tentar dar resposta aos alunos que não têm sucesso, através da “ensino vocacional” ( já agora mudem lá esta designação: o que é isso de vocacional?) e também o que se faz aos alunos com NEE/CEI que vão para o ensino secundário.
Assim, ou doutra maneira, era necessário agir. Já que até agora nada tinha sido feito. Embora tenhamos que dar passos cautelosos na avaliação destes novos currículos.
Também não se compreende que havendo que clarificar a avaliação dos alunos com CEI,  um despacho (despacho 14) que ia no sentido correcto, prevendo avaliação qualitativa e quantitativa é alterado no despacho seguinte para avaliação qualitativa. De facto, de uma maneira geral não faz sentido uma avaliação quantitativa mas há situações em que faz, por exemplo, um aluno com CEI pode ter avaliação quantitativa na disciplina de educação física ou na área de ET ou EV... Porque não fica essa decisão por conta do Conselho de turma e de acordo com o PEI de cada aluno ?
Finalmente, há um aspecto que me parece que tem sido positivo e merece bom: o diálogo que tem havido com todos os parceiros do sector educativo que resulta, se quisermos, na capacidade, no bom senso e na humildade, para corrigir o que está errado. É incoerente exigir voltar atrás e depois, quando isso acontece, achar que a correcção significa fraqueza.
Espero que o Ministério continue a dialogar e, quando necessário, voltar atrás. Porque isso, o diálogo, é a sua força.

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