Pôr-do-sol, em Castelo Branco
O século XXI é o século do envelhecimento (Alfred Sauvey). De facto, o envelhecimento demográfico é o fenómeno mais relevante do século XXI nas sociedades desenvolvidas dado o aumento da importância das pessoas idosas no total da população.
Tem implicações a nível individual , em novos estilos de vida e na esfera socio-económica.
Em Portugal, a proporção de pessoas com 65 ou mais anos duplicou nos últimos quarenta anos, passando de 8% em 1960, e 16% em 2001.
De acordo com as projecções demográficas mais recentes, elaboradas pelo Instituto Nacional de Estatística, estima-se que esta proporção volte a duplicar nos próximos 50 anos, representando, em 2050, 32% do total da população.
Em 2001, o município mais envelhecido, ou seja, com maior proporção de idosos no total da população, era Idanha-a-Nova, com cerca de 41% e o mais jovem era Ribeira Grande, nos Açores, com apenas 9,5% de idosos no total da população.
Para alguns psicólogos (Erikson, estádio VIII) a última etapa da vida, a da maturidade ou, sem eufemismos, a da velhice, começa por volta dos 60 anos.
A tarefa primordial deste estádio é obter uma integridade do EU com um mínimo de desespero.
Após a reforma acontece um distanciamento social, um sentimento de inutilidade social.
Além disso, existe um sentimento de inutilidade biológica, devido a que o corpo já não responde como antes.
Surgem as doenças da velhice como a artrite, diabetes, problemas cardíacos, a depressão, as doenças mentais …
Aparecem os medos da doença ou simplesmente de cair ou de ficar só e as preocupações com a morte.
A integridade do EU para chegar ao fim da vida está fortemente fragilizada.
Com que respostas sociais podemos contar para que possamos continuar a ter essa integridade do eu?
Ao entrarem na fase de maior fragilidade os idosos são entregues aos cuidados de organizações, como lares e centros de dia, em substituição da família.
O modelo social actual levou a que os idosos vivam com outros idosos, em que não estão integrados na vida social que é a vida com os outros, iguais e diferentes de nós, frequentando os mesmos espaços públicos.
Assim, o grande desafio para promover a integridade do EU passa por encontrar formas das organizações conseguirem fortalecer e cultivar os laços dos idosos com o mundo social à sua volta.
Há todo um conjunto de medidas de politica social que deve ser desenvolvida, dando condições para que as famílias possam zelar pela qualidade de vida dos seus idosos, como sejam:
- benefícios fiscais,
- unidades de acolhimento temporário para alívio das famílias,
- que os familiares tenham condições de apoio em situações de doença, com a flexibilização ou redução de horário.
- que o apoio possa ser feito pelos familiares, podendo beneficiar de apoios do Estado, em igualdade de circunstâncias que os lares,
- a criação de respostas mais flexíveis e menos pesadas do que o lar e menos ligeiras do que o centro de convívio,
- a valorização do apoio domiciliário,
- a dotação de recursos humanos qualificados de todos estes tipos de respostas, serviços ou equipamentos, na área da saúde física e mental, nas terapias, na área do apoio social e de animação cultural...
Falar disto nas circunstâncias actuais é estar certamente a ser ingénuo porque estes assuntos não dão votos. Ser velho não está a dar, nem nunca esteve. É por isso que é necessário dar voz àqueles que pouca força já têm para o fazer.
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