01/01/09

Errar é humano.

Estamos no começo de um novo ano. É a altura de todos os balanços. O balanço que podemos fazer da nossa vida, o deve e haver dos nossos erros e acertos.
Todos já ouvimos dizer que errar é humano. Mas isso não impede a desconfiança que existe na sociedade sobre o erro. Os pais fazem tudo para que os filhos não cometam erros. A escola, além de ignorar o valor do erro no processo de aprendizagem dos alunos, premeia o acerto e castiga o erro.
Se a educação deve levar a que se cometam menos erros, não estamos a educar pessoas infalíveis. Podemos até dizer que é o aluno que erra mais que mais precisa de apoio. É a errar que se aprende e errada é a escola que não tem em conta o erro.
Os modelos sociais e políticos que temos são os de não admitir o erro. Veja-se o que se passa nas empresas ou com as medidas do governo. Perde-se imenso tempo até alguém reconhecer que houve erro e mais difícil é assumir a responsabilidade desse erro. E, quase sempre, a culpa morre solteira…
Errar é humano. Não é uma vergonha. E isto é o que está a acontecer. E “quem não pode atacar o argumento ataca o argumentador” (P. Valéry). É o que se tem passado entre nós. Culpa-se os sindicatos e os professores da situação a que se chegou…
Os sábios antigos diziam que o ser humano não pode deixar de cometer erros; é com os erros, que os homens de bom senso aprendem a sabedoria para acertar no futuro.
No campo da ciência, o erro faz parte do processo de investigação científica. E nenhuma teoria científica está imune aos erros. Como produtos humanos que são, todas as teorias científicas são imperfeitas.
Na ciência, o erro não se opõe á busca da verdade, mas decorre dessa busca, decorre da liberdade de investigar e será superado pela procura de novos caminhos para se chegar a melhores soluções.
Edison, para inventar a lâmpada incandescente realizou mais de mil experiências fracassadas antes de chegar ao êxito de sua invenção.
Como diz Toquinho na composição Errar é Humano
...
Não, não é vergonha, não,
Você não saber a tabuada,
Pegar uma onda, contar piada, rodar pião.
Não, não é vergonha, não,
Precisar de alguém que ajude
A refazer sua lição.

A vida irá, você vai ver,
Aos poucos te ensinando
Que o certo você vai saber
Errando, errando, errando.
….
Ou como refere Karl Popper: “ A tentativa de solução revela-se muitas vezes errónea, conduzindo a uma degradação. E então seguem-se novas tentativas de solução, novas experiências”.
É altura de fazer um balanço dos erros ou se quisermos uma autocrítica que como sabemos é o processo de análise crítica de um indivíduo, uma sociedade ou instituição sobre seus próprios actos, considerando principalmente os erros que eventualmente tenha cometido e suas perspectivas de correcção.
Este processo tão caro às metodologias de esquerda é até encorajado como método científico e prática política permanente.
O que se passa na educação é a obstinação de persistir no erro…
Por isso está na altura de avaliar os erros e alterar os nossos comportamentos porque se errar é humano, corrigir o erro mobiliza o que de melhor tem a personalidade de cada um de nós, as melhores emoções, as emoções profundamente humanas, como a bondade e o perdão.
Por isso temos o desejo e a esperança de um novo ano melhor para todos.

Sem comentários:

Enviar um comentário