A agressividade do homem é inata e as evidências vêm da etologia que como se sabe é a ciência que estuda o comportamento animal no meio em que vive. No entanto, a etologia também nos mostra que a cooperação e a sociabilidade são igualmente inatas.
Estes tempos em que vivemos são tempos de grande sobressalto e preocupação.
Não será o fim dos tempos mas eles apesar de aparentemente diferentes têm um sabor a “déja vu”. Os conflitos e as guerras repetem-se sem cessar.
Por que será que o homem não aprende a controlar os seus comportamentos mais agressivos e em troca disso não se dedica a ajudar os outros?
Dito de outra maneira, o que leva alguns de nós a preferirem ser bombistas em vez de quererem ser bombeiros ?
Dito ainda de outra maneira, o que acontece ao ser humano para que estes tempos que deviam ser de compreensão e de cumprimento dos direitos humanos, se transformam em tempos de lutas mais encarniçadas do que as que já atormentaram a humanidade ?
Há algum tempo, Lucas Mendes escrevia um artigo “Raízes da violência”(1), citando o livro de Richard Rhodes “ Porque Eles Matam”.
São as condições sociais? São os genes? São os media? Nenhum dos três.
Este livro é baseado nos estudos do criminologista Loonie Athens e contraria as teorias predominantes sobre violência.
Durante 30 anos entrevistou e analisou 500 criminosos violentos. As suas conclusões não foram bem recebidas.
Mas Loonie Athens fez um perfil do criminoso violento: todos eles, com fama ou sem fama, ricos e pobres, se enquadram nesse perfil: foram tratados com violência ou ameaça de violência na infância ou na adolescência e cresceram aprendendo a responder dessa forma.
A transformação do inocente em assassino é um processo de quatro fases bem definidas: a brutalização, a beligerância, actos de violência e a virulência: «Quem passa pelas quatro fases», diz Athens, «vai ser violento o resto da vida.»
A violência para estas pessoas não é acidental. Não matam num momento irreflectido ou numa reacção emotiva descontrolada. Batem, matam e maltratam porque acreditam na solução violenta.
Pela teoria de Athens, quem não chegou à quarta fase - a da virulência - é recuperável. O importante é identificar o suspeito antes do crime.
Há então que fazer alguma coisa. Na educação temos agora uma oportunidade de introduzir no currículo, por exemplo, na Formação Cívica, o tema da Educação para a paz.
Não poderá ser um tema de cariz político-partidário mas antes um programa de proteínas mentais, ou seja, um programa em que construir seja o objectivo do ser humano.
Se a mente não semear milho, plantará cardos” (Herbert)
Creio que aquilo que aconteceu e acontece com alguns líderes políticos é isto mesmo, ou seja, a sua mente não plantou o bem por incompetência dos outros, dos pais e por incapacidade própria.
É necessário pôr a educação, as descobertas, a investigação ao serviço dos homens, de modo a servirem o caminho da paz.
(1) DN de 17/10/99. Lucas Mendes é jornalista e responsável pelo programa «Manhattan Connections» do GNT.
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