O investimento em educação é fundamental em qualquer país que queira seguir o caminho do desenvolvimento e do desenvolvimento sustentado.
No entanto, as escolhas de investimento devem ser criteriosas relativamente às prioridades que devem ser seguidas.
Vem isto a propósito do choque tecnológico que nos pode conduzir à ideia de que o mais importante são as tecnologias e tudo o que com ela se relaciona.
Foi anunciado um choque tecnológico que já hoje todos sabemos que foi uma verdadeira treta.
Mas o mais grave talvez seja o facto de ao pormos todo o interesse nas tecnologias nos esquecemos daquilo que é fundamental, e sempre foi, que são as pessoas.
Parafraseando os políticos, diria que o problema são as pessoas, estúpido !
Ao contrário, o que se passou foi o ataque aos funcionários públicos, aos professores e de um modo geral aos trabalhadores de Portugal. Foi injusto, impensável e… confrangedor.
Já sabemos que todos os outros trabalhadores do mundo são melhores do que nós mas não batam mais no ceguinho…
Com o aproximar das eleições estamos a entrar num período de acalmia…
O investimento parece que tem sido mais em “aecs”, em quadros interactivos, em magalhães, etc …
Mas continuamos com muitas escolas sem as condições indispensáveis ao ensino. Este tempo de muito frio tem vindo a pôr a descoberto a ineficiência das instalações educativas, com excepções, onde os alunos não conseguem estar nas aulas por falta de uma temperatura mínima para se poder estar atento durante uma manhã ou uma tarde em que os alunos têm que estar parados, em aulas de 90 minutos…mas temos quadros interactivos e computadores…
Não temos professores suficientes para a educação especial, não temos auxiliares de educação ou tarefeiros para apoiar as crianças …as crianças não têm as condições para fazerem a aprendizagem da leitura e escrita … mas estão a aprender inglês...
Não há instrumentos de avaliação, não há instrumentos de apoio, muitas escolas continuam com barreiras arquitectónicas, poucas escolas têm acessibilidades para todas as pessoas, e obviamente, em primeiro lugar, para os deficientes, não há cadeiras de rodas, o acesso a consultas de especialidade é um calvário, os técnicos escasseiam …. mas dizem-nos que está aí o choque tecnológico.
Aprendi com o professor Amaral Dias que a tecnocracia poderia virar tanatocracia.
Albert Szent Gyorgyi, o descobridor da vitamina C, que permitiu que os marinheiros passassem mais tempo nos submarinos sem serem afectados por doenças, no livro O Macaco Louco, lamentava a descoberta se ela servisse para alimentar as guerras.
A tecnocracia é muito bem vinda desde que seja posta ao serviço do homem e não contra o homem ou para substituir o homem.
A educação são os professores e não há choque tecnológico nenhum que altere esta situação.
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